
Da visão da Silveira Tech, fundada por Manuel Vilhena, e do traço de Kengo Kuma, nasceu um projeto de regeneração que vai ganhando forma nas encostas da Serra da Lousã. Em termos simples, o que está em causa é recuperar três aldeias desabitadas e abandonadas há mais de meio século, para as converter num “espaço especial”, onde as pessoas “se reúnem para fazer parte de uma experiência transformadora, regenerando a terra, os seus negócios, comunidades e a si próprios”.
O nome do arquiteto japonês surgiu por intermédio de um amigo, e quando a equipa conheceu “a obra, as entrevistas dele, as preocupações que tem", viram que era “um método perfeito”. “Mandámos um email para o geral e responderam passado uma semana”, conta Manuel Vilhena, CEO da Silveira Tech ao podcast “O Futuro do Futuro”.
O respeito pelas técnicas tradicionais de construção de cada local, o uso dos materiais nobres de cada zona e a prioridade dada à sustentabilidade e usabilidade dos espaços foram alguns dos pontos-chave que sobressaíram na escolha de Kengo Kuma, homem que em Portugal também já deu forma à requalificação do antigo Matadouro Industrial do Porto, do Centro de Arte Moderna da Fundação Gulbenkian, em Lisboa e ainda ao pavilhão nacional na Exposição Mundial de Osaka.
Um retiro durante 365 dias por ano?
Para o gestor, que graceja que “faz dinheiro com tecnologia e investe em xisto”, a ideia surgiu a partir do projeto Cerdeira - Home for Creativity, que conjuga ensino e formação em artes e artesanato com o turismo, há mais de 20 anos naquela região. "Nós todos os anos fazíamos [na Cerdeira] um retiro dos fundadores das empresas que criámos, e das startups em que investimos, durante um fim de semana a trabalhar nos desafios uns dos outros e a ajudarmo-nos mutuamente. E percebemos o quanto esse fim de semana tinha impacto no resto do ano deles e como saíam inspirados, motivados e com maior segurança no que estão a fazer" (…) e então pensámos ‘porque não fazer este retiro 24/7, 365 dias por ano?’".
“Então, em 2017, começámos a comprar propriedades na aldeia [da Silveira de Baixo]. Pela nossa experiência na Cerdeira, em que não controlamos o espaço florestal à volta, e sendo o risco de incêndio o maior risco que a aldeia tem do ponto de vista mesmo da sua existência, nós também decidimos comprar a floresta à volta da Silveira de Baixo”, relata. E isso foi só o início. Depois, seguiram-se a Silveira de Cima e o Pé da Lomba.
Uma história de iniciativa que “quer mudar o modo como vivemos em comunhão com a natureza e uns com os outros” para conhecer no episódio semanal d'"O Futuro do Futuro".
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