"O mundo, a região e, acima de tudo, os povos da Palestina e de Israel não podem dar-se ao luxo de ver a solução de dois Estados desaparecer diante dos seus olhos. Este objetivo nunca foi tão imperativo, mas infelizmente também parece mais distante", afirmou Guterres que discursava na cimeira anual da Liga Árabe, em Bagdade.

Guterres aguarda com expectativa a "importante oportunidade" de uma conferência de alto nível sobre o conflito, prevista para junho e copresidida pela França e pela Arábia Saudita.

O secretário-geral da ONU condenou o ataque "atroz" do Hamas de 7 de outubro de 2023, mas advertiu que "nada pode justificar a punição coletiva do povo palestiniano". Apelou a "um cessar-fogo permanente já", à libertação incondicional dos reféns e à entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza.

Mostrando-se preocupado com as notícias sobre os planos israelitas para expandir as operações militares terrestres, António Guterres reiterou que "as Nações Unidas não participarão em qualquer operação dita humanitária" controlada pelos militares.

Guterres também rejeitou o deslocamento "repetido" da população da Faixa de Gaza.

"Obviamente rejeitamos qualquer deslocamento forçado para fora de Gaza", disse, condenando a "anexação ilegal" e os "assentamentos ilegais" na Cisjordânia.

Guterres também mencionou a situação no Líbano, para defender a "soberania e integridade territorial do Líbano" em referência à presença militar israelita no sul do Líbano.

Para a Síria, o líder da ONU apontou a soberania, a independência, a unidade e a integridade territorial como pontos críticos do processo político aberto, que deve ser, disse, "inclusivo e envolver todos os sírios, independentemente de sua etnia e religião".

O discurso também incluiu menções ao Iémen, Sudão, Somália, Líbia, Iraque e ao trabalho da Liga Árabe em geral.

"Espero sinceramente que as disputas pendentes terminem com uma solução justa alcançada com diálogo", concluiu.

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