No final do segundo de dois dias de greve dos motoristas na Região Autónoma da Madeira, o Governo Regional regista uma maior adesão à paralisação entre os profissionais da empresa SIGA Rodoeste.

De acordo com a Secretaria Regional de Equipamentos e Infraestruturas, órgão do Executivo madeirense que tem a tutela dos transportes terrestres, nessa empresa de transporte público a taxa de adesão rondou os 35% nos dois dias.

Esse número esteve bastante próximo do verficado na Horários do Funchal, onde, no dia de ontem, compareceram 40 dos 64 motoristas escalados para trabalhar. Hoje, foram 46 os motoristas que se apresentaram o serviço. Feitas as contas, estamos perante uma adesão a rondar os 33,5%.

Na CAM, o terceiro prestador de serviço de transporte público na Região, sem apontar números, a tutela refere ter havido "muito pouca adesão à greve nos dois dias", pelo que "a operação decorreu dentro da normalidade".

Leitura diferente desta greve tem o Sindicato Nacional dos Motoristas e Outros Trabalhadores (SNMOT), que promoveu esta jornada de luta a pedido dos trabalhores. Ao DIÁRIO, Manuel Oliveira fala em "efeito bastante positivo" para os profissionais, traduzindo-se num "êxito estrondoso".

Instado a quantificar a adesão à greve, o dirigente sindical nacional preferiu não avançar com números, argumentando que "as empresas irão contestar", numa atitude que considera "perfeitamente normal". Além disso, realça que o foco "não é saber se a percentagem é de 0% ou de 100%", conforme a entidade que a divulga, mas antes "é saber se estamos ou não em condições, de forma madura, de poder encontrar aqui um consenso".

Manuel Oliveira, além de reforçar a crítica à postura assumida por Miguel Albuquerque e pela tutela e recusar liminarmente a conotação do sindicato com a extrema-esquerda, coloca o foco nos trabalhadores e nas reivindicações que os movem, nomeadamente o diferencial salarial correspondente ao aumento praticado no salário mínimo regional, que no caso rondará os 30,65 euros.

Nesse sentido, dá conta dos esforços levados a cabo para reunir, nas próximas semanas, com a ACIF, em representação das duas empresas privadas que prestam o serviço de transporte público, e com a Horários do Funchal, inclusive com a secretaria regional que tutela a empresa pública. Dessas reuniões negoiciais dependerá o cancelamento ou não do pré-aviso de greve agendada para o dia 20 de Julho, dia da habital festa do PSD, no Chão da Lagoa, que movimento centenas de autocarros.

Manuel Oliveira mostra-se confiante num entendimento com a ACIF, mas já não tem tantas certezas quanto ao sucesso das negociações com o Governo Regional.

Nesse âmbito, o dirigente sindical faz mesmo questão de diferenciar a postura assumida pela ACIF e pelo conselho de administração da empresa Horários do Funchal, por contraponto com o desempenho da Secretaria Regional de Equipamentos e Infraestruturas, notando que "este Governo [Regional] está a enveredar por um caminho que espero que tenha retorno, porque não vale tudo e não pode valer tudo nesta vida, a começar pelos insultos", salientou.