
A ativista climática Greta Thunberg e outros 11 ativistas partem hoje para a Faixa de Gaza a bordo de um navio humanitário que visa "romper o cerco israelita" ao território palestiniano devastado, disseram os organizadores da iniciativa.
O veleiro "Madleen", operado pelo grupo Coligação Flotilha da Liberdade (ativistas pró-palestinianos que tentam fazer chegar ajuda a Gaza por mar), vai partir do porto siciliano de Catânia, no sul de Itália.
Numa conferência de imprensa antes da partida, os ativistas disseram que o objetivo é levar ajuda para o enclave palestiniano em ruínas, depois de quase um ano e meio de guerra, e aumentar a "consciencialização internacional" sobre a crise humanitária em curso.
"Estamos a fazer isto porque, independentemente das probabilidades (de sucesso), temos de continuar a tentar", disse Thunberg emocionada, segundo a agência noticiosa norte-americana Associated Press.
"Porque o momento em que deixamos de tentar é quando perdemos a nossa humanidade. E por mais perigosa que seja esta missão, não é nem de perto nem de longe tão perigosa como o silêncio do mundo inteiro perante o genocídio transmitido em direto", acrescentou.
As organizações internacionais, como as Nações Unidas, têm alertado para a situação de fome que se vive em Gaza devido ao bloqueio imposto por Israel ao enclave de 2,4 milhões de habitantes.
Além das restrições israelitas, a desorganização generalizada e os saques tornam extremamente difícil a entrega de ajuda.
Entre os ativistas que se juntam à tripulação do "Madleen" estão o ator Liam Cunningham, Davos Seaworth, de "A Guerra dos Tronos", e a eurodeputada francesa de ascendência palestiniana Rima Hassan, que foi impedida de entrar em Israel devido à sua oposição ativa aos ataques israelitas a Gaza.
Os ativistas esperam demorar sete dias a chegar ao seu destino, caso não sejam detidos.
No início de maio, uma tentativa da Coligação Flotilha da Liberdade de chegar ao enclave falhou devido ao ataque ao navio "Conscience" por dois alegados 'drones' (aeronaves não tripuladas) quando navegava em águas internacionais ao largo da costa de Malta.
Segundo a organização não-governamental, que culpou Israel pelo ataque, este provocou um incêndio a bordo e uma rutura "significativa" no casco do navio, deixando a tripulação sem energia e colocando a embarcação em sério risco de se afundar.
Durante uma tentativa de entrega de ajuda da Flotilha em 2010, quando uma embarcação quis romper o bloqueio então imposto por Israel a Gaza, as forças israelitas invadiram o navio turco Mavi Marmara, matando nove pessoas a bordo, tendo o incidente prejudicado seriamente as relações turco-israelitas.
O Governo israelita afirma que o bloqueio é uma tentativa de pressionar o movimento radical palestiniano Hamas a libertar reféns capturados durante o ataque de 07 de outubro de 2023 no sul de Israel, que causou cerca de 1.200 mortos e fez de 251 pessoas reféns, tendo desencadeado o conflito.
A retaliação de Israel já provocou mais de 54.300 mortos, a destruição de quase todas as infraestruturas da Faixa de Gaza e a deslocação forçada de centenas de milhares de pessoas.