O julgamento do homicídio de Mónica Silva, a mulher grávida da Murtosa que está desaparecida desde outubro de 2023, prosseguiu esta terça-feira no Tribunal de Aveiro com a inquirição da última testemunha, seguindo-se as alegações finais.

A 10.ª sessão do julgamento começou com a inquirição de uma testemunha de acusação que ainda faltava ouvir, designadamente um antigo namorado da vítima, que, segundo o advogado que representa os filhos menores da vítima, tem sido apontado como um dos possíveis pais do bebé que Mónica Silva carregava no ventre.

Ainda durante a manhã, teve lugar a conclusão da reprodução das declarações do arguido prestadas durante o primeiro interrogatório judicial, terminando assim a fase da produção de prova.

Segundo um comunicado do juiz presidente da Comarca de Aveiro, a audiência foi interrompida cerca das 12:30 e será retomada no dia 11, pelas 09:30, com produção das alegações finais, que serão abertas ao público, uma vez que o tribunal entendeu que os fundamentos que justificaram a decisão de exclusão de publicidade já não subsistirão nessa altura.

O julgamento realizado com tribunal de júri (composto por três juízes de carreira e oito jurados) decorreu à porta fechada, sem a presença de público e jornalistas, por decisão da juíza titular do processo, para proteger a dignidade pessoal da vítima face aos demais intervenientes envolvidos, nomeadamente os seus filhos.

Fernando Valente: as acusações

Fernando Valente, que teve uma relação amorosa com a vítima que terá resultado numa gravidez, está acusado dos crimes de homicídio qualificado, aborto, profanação de cadáver, acesso ilegítimo e aquisição de moeda falsa para ser posta em circulação.

O arguido, que se encontra em prisão domiciliária, foi detido pela Polícia Judiciária (PJ) em novembro de 2023, mais de um mês depois do desaparecimento da mulher, de 33 anos, que estava grávida com sete meses.

O MP acusa o arguido de ter matado a vítima e o feto que esta gerava, no dia 3 de outubro de 2023 à noite, no seu apartamento na Torreira, para evitar que lhe viesse a ser imputada a paternidade e beneficiassem do seu património.

A acusação refere ainda que durante a madrugada do dia 4 de outubro e nos dias seguintes o arguido ter-se-á desfeito do corpo da vítima, levando-o para parte incerta, escondendo-o e impedido que fosse encontrado até hoje.