
O embaixador norte-americano em Israel, Mike Huckabee, afirmou hoje que o reconhecimento do Estado da Palestina pela França permite ao Hamas reclamar vitória em Gaza, o que seria como "dar aos nazis uma vitória após a 2ª Guerra Mundial".
Em entrevista à Fox News, no dia em que o Reino Unido também anunciou o reconhecimento da Palestina, o ex-governador republicano do Arkansas classificou a decisão do Presidente francês, Emmanuel Macron, como "muito estúpida" porque, na sua opinião, reduz "qualquer esperança de que o Hamas desista".
"Isto dá ao Hamas a impressão de que tem uma oportunidade real de declarar vitória, o que equivaleria a dar aos nazis uma vitória após a Segunda Guerra Mundial", acrescentou.
Pastor evangélico de 69 anos, Mike Huckabee é conhecido pelo seu forte apoio a Israel e por questionar a própria existência de um povo palestiniano, uma população que acredita poder estabelecer-se em países vizinhos como a Síria, a Jordânia ou o Egito.
Na semana passada, o Presidente francês, Emmanuel Macron, avançou que vai anunciar, em setembro, durante a Assembleia-geral da ONU, o reconhecimento do Estado da Palestina.
O embaixador já tinha ridicularizado no domingo a declaração de Macron, recorrendo às redes sociais para evocar jocosamente que o Estado Palestiniano será criado na Riviera Francesa e chamar-se-á 'Franc-en-Stine'.
Em fevereiro, Donald Trump manifestou o seu desejo de transformar Gaza na "Riviera do Médio Oriente", sugerindo a deslocação da sua população para reconstruir o enclave devastado pela guerra.
Huckabee reiterou os seus comentários hoje na Fox News, atacando o Presidente francês.
"Porque é que ele não acolhe pessoas de Gaza que querem sair voluntariamente? (...) Porque é que o Reino Unido não faz o mesmo? (...) Se estão tão determinados a aliviar o sofrimento do povo de Gaza, que sejam os primeiros a oferecer o seu apoio", disse o embaixador.
"Não estão a fazer nada, não mexeram um dedo", garantiu.
O primeiro-ministro britânico anunciou hoje que Reino Unido vai reconhecer o Estado da Palestina em setembro, se Israel não cumprir uma série de condições, nomeadamente acabar com a "situação catastrófica em Gaza".
Decretar um cessar-fogo no enclave palestiniano e garantir que não vai anexar a Cisjordânia são outras das condições mencionadas por Keir Starmer, que convocou uma reunião de emergência do Conselho de Ministros para abordar a situação em Gaza.
O primeiro-ministro britânico exigiu também que Israel se comprometa com um processo de paz de longo prazo que alcance uma solução de dois Estados, Israel e Palestina, de acordo com um comunicado divulgado por Downing Street.
Caso se concretize a intenção do executivo britânico, o Reino Unido será o segundo país do G7 (grupo das sete maiores economias mundiais), a reconhecer o Estado palestiniano em setembro.
A par de França, o Reino Unido também integra o grupo dos cinco membros (China, Rússia e Estados Unidos) permanentes do Conselho de Segurança da ONU.
Momentos depois do anúncio de Londres, a diplomacia francesa saudava a tomada de posição do executivo liderado por Keir Starmer e afirmava: "Juntos (...) paramos o ciclo interminável de violência e reabrimos a perspetiva de paz" na região.
"O Reino Unido junta-se hoje à dinâmica criada pela França para o reconhecimento do Estado da Palestina", disse ainda o ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Jean-Noel Barrot, na rede social X.
Até ao momento, pelo menos 142 dos 193 países-membros da ONU reconhecem o Estado palestiniano, segundo dados da agência noticiosa francesa AFP.
Na Europa, cinco países reconhecem o Estado palestiniano: Espanha, Irlanda, Eslovénia, Noruega e Suécia.
A guerra em curso em Gaza foi desencadeada pelos ataques liderados pelo grupo extremista palestiniano Hamas em 07 de outubro de 2023 no sul de Israel, nos quais morreram cerca de 1.200 pessoas e mais de duas centenas foram feitas reféns.
A retaliação de Israel já provocou mais de 60 mil mortos, a destruição de quase todas as infraestruturas de Gaza e a deslocação forçada de centenas de milhares de pessoas.
Israel também impôs um bloqueio à entrega de ajuda humanitária no enclave, onde mais de 140 pessoas já morreram de desnutrição e fome.