O ex-Presidente russo Dmitry Medvedev afirmou esta terça-feira esperar que Donald Trump entenda o risco de uma "3. Guerra Mundial", após o Presidente norte-americano ter advertido o Kremlin de que está "a brincar com o fogo".

"Acerca das palavras de Trump sobre [Vladimir] Putin [residente russo] 'brincar com o fogo' e 'coisas muito más' a acontecerem à Rússia. Só conheço uma coisa MUITO MÁ: a 3ª Guerra Mundial", publicou na rede social X Medvedev, vice-presidente do Conselho de Segurança da Federação Russa.
"Espero que Trump entenda isso!", adiantou Medvedev, a única pessoa, além de Putin, a exercer o cargo de Presidente da Rússia (2008-2012) desde a queda do regime comunista soviético.

O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, advertiu hoje o seu homólogo russo de que está "a brincar com o fogo", dois dias após ter acusado Vladimir Putin de estar "completamente louco".

"O que Vladimir Putin não percebe é que, se não fosse eu, muitas coisas muito más já teriam acontecido à Rússia, e quero dizer MUITO más. Ele está a brincar com o fogo!", escreveu Donald Trump na rede social Truth Social.

No domingo, Trump tinha expressado desagrado com a falta de avanços nas negociações para um cessar-fogo na Ucrânia e com a continuação dos ataques russos contra território ucraniano.

"Sempre tive muito boas relações com o Presidente russo, Vladimir Putin, mas algo aconteceu com ele. Ficou completamente LOUCO!", escreveu o Presidente norte-americano no domingo na Truth Social, fazendo uso das habituais letras maiúsculas para acentuar a mensagem.
"[Putin] está a matar desnecessariamente muitas pessoas, e não estou a falar apenas de soldados. Mísseis e 'drones' estão a ser disparados contra cidades ucranianas sem qualquer motivo", denunciou Trump.

A presidência russa reagiu a estas críticas dizendo que Vladimir Putin toma as decisões necessárias para garantir a segurança do país. O porta-voz do Kremlin, a sede da presidência russa, Dmitri Peskov, desvalorizou a reação de Trump, qualificando-a como emocional.

"Este é um momento muito importante que está ligado, naturalmente, à carga emocional de absolutamente toda a gente e a reações emocionais", disse Peskov. O líder norte-americano também criticou no domingo o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, por "não fazer nenhum favor ao seu país ao falar da forma como fala".
"Tudo o que sai da sua boca cria problemas. Não gosto disso e é melhor que pare", avisou. Volodymyr Zelensky pediu no domingo que se faça pressão sobre a Rússia, para a obrigar a cessar os ataques. O líder afirmou que "o silêncio dos Estados Unidos e de outros países apenas encoraja Putin".

Desde meados de fevereiro, Washington tem feito repetidos apelos a um cessar-fogo e tem abordado Moscovo para esse fim, sem resultados concretos até à data. Trump falou há uma semana com o homólogo russo durante uma conversa telefónica de quase duas horas.

Na altura, mostrou-se otimista e excluiu qualquer pressão adicional sobre Moscovo. Os governos russo e ucraniano mantiveram os seus primeiros contactos diretos em mais de três anos na Turquia, em 16 de maio, o que resultou no único compromisso tangível: a troca de 1.000 prisioneiros de cada lado.