O chefe da diplomacia portuguesa afirmou hoje esperar "um resultado positivo" na cimeira da NATO, na próxima semana, considerando que a Europa "pode e deve fazer mais" pela segurança coletiva.

"Os Estados Unidos têm pedido à Europa que invista mais na Defesa, e com toda a razão. A Europa pode e deve fazer mais para arcar com a responsabilidade da segurança coletiva", defendeu hoje o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, intervindo no encerramento da conferência "A Europa e as Relações Transatlânticas", organizada pelo canal de televisão Now, em Lisboa.

O governante afirmou que todos os Estados-membros europeus da NATO "percebem essa necessidade e a mensagem da administração norte-americana", que, considerou, "é justa".

"Espero que alcancemos um resultado positivo", na próxima cimeira da NATO, que decorre em Haia nos dias 24 e 25.

A reunião da Aliança Atlântica decorre numa altura em que a administração norte-americana de Donald Trump tem insistido num aumento do investimento em defesa para 5% do produto interno bruto (PIB) de cada Estado-membro.

O Governo português já se comprometeu a atingir a meta atual, de 2%, ainda este ano, mas o ministro dos Negócios Estrangeiros garantiu que Portugal cumprirá o objetivo dos 5%, caso a NATO assim o decida, e nos moldes defendidos pelo secretário-geral da organização, Mark Rutte - 3,5% em despesa militar efetiva e 1,5% em infraestruturas civis que possam ter uso militar.

Na sua intervenção de hoje, Rangel defendeu o reforço da ligação entre a Europa e os Estados Unidos.

"Temos de mostrar força e unidade no nosso laço transatlântico e impedir os que ameaçam a prosperidade, estabilidade e paz globais", sustentou.

O ministro admitiu que uma "relação próxima pode ter momentos de frustração" e, quando isso acontece, há que "procurar pontos em comum e reforçar a confiança".

"A Europa e a América trabalham juntos há muito tempo para construir um mundo mais pacífico e mais próximo. Devemos insistir no diálogo e continuar a ver o Atlântico não como uma barreira, mas como um elo entre os nossos dois continentes", salientou.

Sobre os atuais conflitos no mundo, Rangel saudou "os esforços [dos EUA] para oferecer uma solução à crise nuclear iraniana".

Quanto à guerra na Ucrânia, causada pela invasão russa em fevereiro de 2022, o ministro identificou "ameaças crescentes às relações transatlânticas" e insistiu que a Europa e os EUA "devem mais uma vez unir esforços".

Rangel abordou ainda a intenção de Donald Trump de impor tarifas à União Europeia, alertando que "o comércio transatlântico, em termos de bens, está a diminuir", o que, disse, é motivo de preocupação.

"As tarifas não são nem nunca serão a solução, independentemente do que pensemos sobre o equilíbrio do défice comercial", sustentou.

"Será muito benéfico alcançar um acordo em breve, caso contrário haverá consequências para ambos os lados", advertiu.