O Departamento de Justiça do Governo de Donald Trump adiantou hoje que despediu vários procuradores de carreira envolvidos em processos contra o presidente norte-americano.
Estes funcionários do Departamento de Justiça colaboraram, em concreto, na investigação do procurador especial Jack Smith que levou à acusação de Trump por posse de documentos confidenciais e pelo seu envolvimento no ataque ao Capitólio, em 06 de janeiro de 2021, por apoiantes do agora presidente.
As acusações acabaram por ser retiradas após a vitória eleitoral de Trump em novembro, em linha com a política de não processar presidentes em exercício.
Jack Smith demitiu-se do Departamento de Justiça no início do mês.
A medida, que surge após a deslocalização de vários altos funcionários de carreira para diferentes divisões, foi tomada apesar de os procuradores de base, por tradição, se manterem nos seus cargos nas administrações presidenciais e não serem punidos pelo seu envolvimento em investigações delicadas, noticiou a agência Associated Press (AP).
Fonte do Departamento de Justiça, que falou à AP sob anonimato, confirmou que as demissões foram feitas pelo procurador-geral interino James McHenry, mas não ficou imediatamente claro quais os procuradores que foram afetados pela ordem.
"À luz das suas ações, o procurador-geral interino não confia nestes indivíduos para ajudar a implementar fielmente as ordens do Presidente. Esta ação está relacionada com a missão de acabar com a instrumentalização do Governo", destacou à estação NBC fonte do Departamento de Justiça.
Fonte ligada ao processo adiantou à NBC os nomes dos procuradores de carreira Molly Gaston, J.P. Cooney, Anne McNamara e Mary Dohrmann. Todos estes são funcionários federais de carreira, pelo que não podem ser despedidos diretamente e deve ser aberto um processo legal.
De acordo com a estação, devem primeiro receber notificações e avisos e devem poder contratar advogados para recorrer formalmente de qualquer processo disciplinar que envolva a perda dos seus empregos.
A ex-procuradora norte-americana Joyce Vance considerou "simplesmente inaceitável" despedir procuradores com base apenas em casos em que trabalharam. "Isto vai contra o Estado de direito. Vai contra a democracia", frisou, em declarações à NBC.