O presidente da Associação de Futebol da Madeira (AFM), Rui Coelho, reagiu com firmeza aos graves incidentes ocorridos durante um jogo de futebol de formação no escalão de juniores, que colocou frente a frente o CF Andorinha e o CS Marítimo 'B', no Campo do Andorinha, em Santo António.

A partida, que deveria ser apenas mais um momento desportivo entre jovens atletas, acabou manchada por episódios de violência, invasão de campo e grande confusão, incluindo a alegada ameaça de um indivíduo de que utilizaria um machado.

Em declarações prestadas ao DIÁRIO e à TSF-Madeira, após o sucedido, Rui Coelho não hesitou em classificar a situação como "um caso de polícia", sublinhando que ultrapassa o âmbito desportivo e da própria associação. "A partir do momento em que se assiste a uma invasão de campo e a agressões, estamos a falar de um crime. Isto não é responsabilidade da AFM, é responsabilidade das autoridades competentes", frisou.

O que aconteceu ali foi gravíssimo e não podemos continuar a viver com estas situações. Acho que este é um momento triste para o futebol madeirense. Não promove o futebol em nada e vai contra tudo o que tenho tentado promover e construir. Repudio totalmente o que aconteceu e espero sinceramente que este seja um momento de reflexão para todos os que fazem parte do futebol Rui Coelho, presidente da Associação de Futebol da Madeira

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O líder da AFM manifestou ainda preocupação com a falta de civismo e educação demonstrada por alguns encarregados de educação. "Há pais que não se sabem comportar. Por isso, se não conseguem assistir aos jogos dos filhos com respeito, talvez seja melhor não os verem jogar. Nem todos os filhos vão ser Ronaldos", alertou.

"Os pais precisam de reflectir. Estas atitudes não melhoram em nada a vida dos filhos. Deixem as crianças serem felizes, deixem-nas praticar desporto sem pressão", afirmou.

Rui Coelho reforçou a sua oposição à presença regular de forças policiais em jogos de formação, destacando que a legislação nacional não prevê tal exigência. "O desporto de formação deve ser uma festa. Não faz sentido termos polícia em todos os jogos de escalões jovens, a menos que isto continue assim", disse, lamentando a necessidade de se ponderar, no futuro, a realização de jogos à porta fechada. "Se há pessoas que não se sabem comportar, então têm que arcar com as consequências.. vai pagar o justo pelo pecador", alertou.

O dirigente deixou ainda a garantia que a AFM acompanhará o processo, mas será a cargo das autoridades, incluindo o Ministério Público, a investigação e eventual responsabilização criminal dos envolvidos. Rui Coelho assegurou, no entanto, que, quando o processo transitar para a esfera da associação, esta vai actuar com firmeza. "Vamos levar este caso até às últimas consequências. A senhora envolvida poderá, por exemplo, vir a ser interdita de entrar em recintos desportivos", esclareceu.

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Após os dois clubes envolvidos terem reagido aos "lamentáveis acontecimentos", também a direcção da Associação de Futebol da Madeira emitiu, há instantes, um comunicado, a repudiar o episódio, alertando para a gravidade das situações verificadas e destacando a necessidade de uma reflexão profunda sobre este tipo de comportamentos.

Confira em seguida o comunicado na íntegra:

1. A direcção da AFM repudia qualquer forma de violência sobretudo quando verificada em jogos das competições de formação com a participação de crianças e jovens.

2. A direcção da AFM sublinha que o ocorrido é revelador de um problema de civismo que é transversal a toda a sociedade.

3. Esta direcção da AFM considera que os eventos dos quais tem conhecimento extravasam as competências da AFM, sendo merecedores da tutela dos Órgãos de Polícia Criminal, do Ministério Público e da Autoridade para a Prevenção e Combate à Violência no Desporto, sem prejuízo das responsabilidades disciplinares em que os envolvidos possam incorrer no âmbito dos regulamentos em vigor nesta AFM.

4. A falta de policiamento de espectáculos desportivos decorre de uma lei nacional há muito em vigor e que determina a ausência de segurança em eventos onde existe uma maior concentração de pessoas, aumentando sobremaneira a responsabilidade individual de cada um no seu comportamento em sociedade.

5. A direção da AFM continuará a desenvolver o seu trabalho de sensibilização, estando em processo de aprovação o novo Regulamento de Prevenção da Violência, que pretende mitigar a ocorrência de eventos idênticos aos que se verificaram no jogo referido.

6. Ainda assim, a direcção da AFM saúda as posições públicas dos clubes envolvidos pela responsabilidade demonstrada e o repúdio das cenas lamentáveis verificadas, tendo o Presidente da AFM já contactado os presidentes dos CF Andorinha e CS Marítimo.

7. Aos familiares dos jovens que competem nos escalões de formação exige-se, de uma vez por todas, educação, civismo e responsabilidade sob pena desta direção da AFM ser obrigada a tomar medidas mais drásticas que a todos prejudicará.