Elon Musk escreveu um artigo de opinião no jornal “Welt am Sonntag”, no qual volta a apoiar o partido de extrema-direita alemão Alternativa para a Alemanha, considerando que “apenas a AfD consegue salvar a Alemanha”. O artigo publicado na edição online deste sábado gerou críticas, além da demissão da editora de opinião do jornal, pouco depois de ter sido divulgado.
“O retrato da AfD como extremista de direita é claramente falsa, tendo em conta que Alice Weidel, a líder do partido, tem uma parceira do mesmo sexo do Sri Lanka! Isso soa-vos a Hitler? Por favor!”, escreveu Musk no artigo. Além disso, o multimilionário, dono da Tesla e da rede social ‘X’, defendeu que a AfD tem posições importantes em áreas como a recuperação económica ou o controlo da imigração.
“A AfD, embora descrita como de extrema-direita, representa um realismo político que repercute o facto de muitos alemães sentirem que as suas preocupações são ignoradas pelo sistema. O partido aborda os problemas do momento, sem o politicamente correto que muitas vezes obscurece a verdade”, acrescentou Musk, citado pela “Deutsche Welle”.
Elon Musk, que Donald Trump convocou para liderar, a partir da tomada de posse a 20 de janeiro, um novo Departamento de Eficiência Governamental, também escreveu que as políticas anti-imigração defendidas pelo partido de extrema-direita alemão – que incluem deportações em massa, tal como defende Trump – não são “xenófobas”, pois visam “assegurar que a Alemanha não perde a sua identidade”.
Pouco depois de o texto ter sido publicado no site do jornal, a editora de opinião do “Welt am Sonntag”, Eva Maria Kogel, escreveu na rede social X que se demitia, partilhando um link para o artigo. “Sempre gostei de chefiar o departamento de opinião da Welt e Wams. Hoje foi publicado um texto de Elon Musk no ‘Welt am Sonntag’. Ontem apresentei a minha demissão”, escreveu.
Uma das reações à publicação do artigo de Elon Muskfoi dos responsáveis editoriais do “Welt am Sonntag”. “A democracia e o jornalismo prosperam com base na liberdade de expressão. Isso inclui lidar com posições em polos opostos e classificá-las jornalisticamente”, disseram à agência Reuters Jan Philipp Burgard e Ulf Poschardt.
“O diagnóstico de Musk está correto, mas a sua abordagem terapêutica, no sentido de que só a AdD pode salvar a Alemanha, é fatalmente falsa”, escreveu Jan Philipp Burgard (que será editor-chefe do “Welt” a partir de 1 de janeiro), também citado pelo jornal “The Guardian”. Em causa estão posições da extrema-direita alemã como o desejo de sair da União Europeia e procurar uma aproximação à Rússia, além de apaziguar a China.
Não é a primeira vez que Elon Musk manifesta apoio à extrema-direita alemã: há uma semana, na rede social X, o multimilionário já tinha repetido as mesmas ideias que agora desenvolveu no artigo de jornal. Depois do atropelamento num mercado de Natal em Magdeburgo, Musk escreveu que Scholz “deveria demitir-se imediatamente” e que era um “idiota incompetente”.
A Alemanha irá a eleições a 23 de fevereiro, depois de Olaf Scholz ter perdido a votação da moção de confiança no início deste mês, o que levou à queda do governo. Segundo as sondagens, referidas pelo “The Guardian”, o partido da extrema-direita alemã está em segundo lugar nas intenções de voto.