
A Proteção Civil Municipal da Lourinhã e a Capitania de Peniche interditaram, esta segunda-feira, o acesso automóvel à praia de Paimogo, no concelho da Lourinhã, na sequência de uma derrocada na arriba norte.
"Foi-nos reportada no domingo a queda de quatro ou cinco blocos rochosos, entre meio metro a um metro cúbico, na via de acesso ao portinho de recreio", confirmou hoje o coordenador da Proteção Civil Municipal, Daniel Neves.
As duas entidades solicitaram a retirada das viaturas estacionadas e o acesso à praia foi vedado a automóveis.
O responsável esclareceu que o acesso "está vedado" a automóveis, exceto para a largada e tomada de embarcações, tendo sido colocada sinalização de perigo de queda de blocos.
Pode continuar a usufruir da praia, mas através do acesso pedonal
O coordenador da Proteção Civil esclareceu que a população "pode continuar a usufruir da praia, mas através do acesso pedonal pela praia de Vale Frades", recomendando mesmo a que utilizem outras praias, tendo em conta o perigo de erosão.
Há pelo menos 14 anos que o município do distrito de Lisboa espera por obras de consolidação na arriba norte de Paimogo pelaAgência Portuguesa de Ambiente (APA).
Apesar de serem feitas ações de monitorização, "de ano para ano há desprendimento de blocos rochosos", alertou.
A autarquia vai ser responsável pelas obras de estabilização da arriba, após um acordo de delegação de competências da APA na câmara, esclareceu à Lusa o vereador com os pelouros do Ambiente e da Proteção Civil, João Serra.
Em abril, o município candidatou ao programa comunitário Portugal 2030 a intervenção de, com um custo estimado de 3,6 milhões de euros e um prazo de execução de 17 meses.
Esta não é a primeira vez
Em 2011, o acesso à praia foi também interditado a viaturas, na sequência do desmoronamento.
Paimogo não é praia balnear, mas é frequentada durante o verão por banhistas e por pescadores da pesca desportiva, que atracam aí as suas embarcações.
Além da insegurança, a instabilidade da arriba pode comprometer o Forte de Paimogo, monumento datado de 1674 e classificado como Imóvel de Interesse Público desde 1957.
Em novembro, o município concluiu as obras de reabilitação do forte, um investimento de um milhão de euros, financiado em 863 mil euros pelo mecanismo financeiro EAA Grants e em 152 mil euros pela câmara municipal.
A autarquia quer transformar o forte num espaço cultural dedicado às memórias da comunidade local, com o objetivo de reforçar a identidade local e recuperar saberes tradicionais, e apostar numa programação cultural para o espaço.
O imóvel é propriedade do Estado, mas encontra-se há várias décadas à guarda do município.
Em 2021, autarquia e Ministério da Administração Interna estabeleceram um acordo de cedência do forte e do antigo posto da Brigada Fiscal de Paimogo por 50 anos, no âmbito do processo de descentralização de competências do Estado para os municípios.
- Com Lusa