Ghislaine Maxwell diz que está disponível para falar perante o congresso americano sobre Jeffrey Epstein, de quem foi cúmplice em vários crimes sexuais, e numa altura em que é cada vez maior a pressão sobre a Casa Branca acerca deste caso, de acordo com o Washington Post. A antiga ‘socialite’ britânica, que se encontra a cumprir uma pena de 20 anos de prisão, foi convocada pela Comissão de Supervisão da Câmara dos Representantes para prestar depoimento a 11 de agosto.

Maxwell exige, no entanto, que lhe seja dada imunidade em troca da sua disponibilidade — de forma a não ser incriminada — e tenha acesso às perguntas antecipadamente. Além disso, esse depoimento teria de acontecer apenas depois de o Supremo Tribunal de Justiça decidir sobre o recurso que apresentou da sentença por tráfico sexual a que foi condenada.

Mas há mais. Segundo o seu advogado, David Oscar Markus, citado pelo Washington Post, a mulher que ficou conhecida por ajudar Epstein a encontrar vítimas para os seus abusos sexuais manifestou vontade de testemunhar de modo honesto, frontal e aberto se Donald Trump decidir oferecer-lhe clemência pelos seus crimes.

James Comer, o deputado republicano que preside à Comissão de Supervisão da Câmara, já disse que está fora de questão conceder-lhe imunidade parlamentar.

A intimação de Maxwell acontece numa altura em que há um descontentamento crescente no meio republicano com a decisão da administração de Donald Trump em não divulgar o arquivo do FBI sobre Epstein. Muitos simpatizantes do movimento MAGA (Make America Great Again) e de Trump acreditam que esse arquivo contém segredos sobre uma série de outros cúmplices de Epstein em esquema de abuso sexuais com menores, incluindo figuras públicas.

O depoimento de Ghislaine Maxwell não tem como justificação, de qualquer forma, dar novas informações sobre eventuais cúmplices de Epstein, mas sim poder contribuir para melhorar a legislação federal sobre tráfico sexual, cujo enquadramento e conteúdo está a ser revisto pela comissão liderada por Comer.

Apesar disso, e ainda segundo o Washington Post, esses planos podem confundir-se. Pressionado pelo facto de o Departamento de Justiça não ter encontrado as provas que o público esperava encontrar nos arquivos do FBI, o vice-procurador-geral da República Todd Blanche visitou Maxwell na prisão. O seu advogado admitiu na semana passada que o vice-procurador-geral fez-lhe perguntas sobre cerca de 100 nomes e que ela respondeu a tudo.