A Confiança lamenta que, a pouco mais de 60 dias do final do mandato, "a actual presidente da Câmara Municipal do Funchal tente desesperadamente branquear as suas responsabilidades no escândalo da transformação de habitação cooperativa a custos controlados em Alojamento Local". Uma situação que, conforme refere através de uma nota de imprensa, "evidencia a incompetência, a sua proximidade aos interesses económicos e o gritante desprezo pelo superior interesse dos funchalenses".

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Diz que, "apesar de o empreendimento Residências CORTEL contar com fracções no exercício da actividade de Alojamento Local desde Abril deste ano, com registo e actividade pública em plataformas digitais, só agora, três meses depois e apenas na sequência da denúncia pública feita pela Confiança, é que o executivo municipal do PSD afirma ter tomado conhecimento da situação e declara a intenção de agir". Esta reacção, no seu entender, "tardia e forçada revela um executivo que, durante todo o mandato, preferiu o silêncio cúmplice à fiscalização responsável".

"A presidente da Câmara, numa tentativa de ilibar-se, foi ainda mais longe ao afirmar publicamente que “será necessário averiguar se houve documentos forjados”, uma acusação gravíssima dirigida aos proprietários das fracções em causa. Caso essa suspeita não venha a ser confirmada, a responsabilidade política por essas declarações caluniosas terá de ser assumida pela própria autarca e por quem, no seio da edilidade, lhe prestou tal informação sem prova. A leviandade com que se lançam suspeições públicas diz muito sobre a forma como o actual executivo trata a verdade e os direitos dos cidadãos", acrescenta.

A coligação afirma que convém recordar que, "em 2023, a Confiança apresentou uma proposta para a criação de zonas de contenção para Alojamento Local no Centro Histórico do Funchal, com base em dados sobre pressão imobiliária e desertificação habitacional".

"A proposta foi reprovada pelo PSD", refere.

Recorda ainda que, "em Maio de 2025, foi apresentada nova proposta para reforçar a fiscalização aos Alojamentos Locais ilegais e sobrelotados, criando mecanismos de inspecção, canais de denúncia e aplicação de sanções".

"A proposta foi reprovada novamente pela maioria PSD", afirma.

Recorda também que "o projecto das Residências CORTEL foi inaugurado com pompa em Dezembro de 2024, tendo sido repetidamente promovido pela autarquia como modelo de habitação cooperativa". Prossegue, dizendo que "a Confiança alertou desde o início para as fragilidades do licenciamento e das isenções concedidas, sem que o executivo tenha alguma vez acolhido ou aprofundado essas preocupações".

E acrescenta: "A realidade é clara: Cristina Pedra foi conivente com esta situação, recusou agir quando podia e devia, e tenta agora apagar os rastos de uma gestão marcada pela propaganda e pela submissão a interesses privados. A autarquia não pode continuar a ser gerida com base em reacções tardias, tentativas de desresponsabilização e declarações irresponsáveis".

Por fim, diz que "os funchalenses merecem uma gestão transparente, responsável e comprometida com o bem comum e não aceitarão que os seus direitos à habitação e à verdade sejam permanentemente atropelados por quem confunde liderança com encenação".