Logo após a confirmação da morte do Papa Francisco, as autoridades do Vaticano apressaram-se a seguir os rituais tradicionais de despedida, enquanto implementavam os procedimentos necessários para preservar o corpo.

A principal preocupação era que o clima húmido de Roma acelerasse a decomposição do corpo, por isso, o Papa argentino passou por um processo moderno de embalsamamento, permitindo que fosse velado durante vários dias.

Em declarações ao Daily Mail, o anatomista Nikola Tomov, da Universidade de Berna, refere que o Vaticano começou a utilizar esta técnica moderna de preservação do corpo em 1914.

O objetivo era garantir que o cadáver pudesse ser exposto ao público sem sinais evidentes de deterioração. O primeiro Papa a ser preservado com este método foi Pio X, que faleceu nesse mesmo ano.

O que é feito?

O processo consiste em abrir as veias do pescoço e/ou da virilha do Papa, drenando o sangue e introduzindo uma mistura de formaldeído, álcool, água e corantes no sistema circulatório. Esta combinação impede a proliferação de bactérias e que o corpo comece a decompor-se.

O Vaticano adotou de forma definitiva esta técnica após um incidente com a preservação do corpo do Papa Pio XII, em 1958. Na ocasião, o médico papal Riccardo Galeazzi-Lisi tentou utilizar um método diferente, alegando ser o mesmo utilizado para preservar o corpo de Jesus.

No entanto, o uso de um saco plástico com ervas e óleos acelerou a decomposição, causando odores tão fortes que os guardas tiveram de se render a cada 15 minutos para escoltar o caixão.

Desde a morte do Papa Leão XIII, em 1903, os Pontífices deixaram de ter os órgãos retirados do corpo. Antes disso, era habitual que fossem extraídos e guardados como relíquias religiosas. Atualmente, a determinação é de manter o corpo do Santo Padre intacto.

Francisco quebra a tradição

No seu testamento, assinado em 2022, o Papa Francisco pediu para ser sepultado em um único caixão de madeira revestido de zinco, ao invés do tradicional conjunto de três caixões.

Será também o primeiro Papa em mais de um século a ser enterrado fora do Vaticano. No final de 2023, o Pontífice revelou que já tinha "preparado" o seu túmulo na Basílica de Santa Maria Maior, no bairro Esquilino, em Roma.

Essas mudanças nos rituais funerários refletem a abordagem reformista que marcou o pontificado de Francisco, que sempre priorizou a simplicidade e a humildade, mesmo nos seus rituais finais.