Em relação às eleições presidenciais de janeiro de 2026, apenas uma ideia central parece unir todos os socialistas e que tem sido salientada pelo secretário-geral, Pedro Nuno Santos: O PS só deve ter um candidato neste ato eleitoral.

No PS, de forma quase unânime, entende-se que uma dispersão de apoios será fatal para algum candidato do centro-esquerda conseguir passar à segunda volta das presidenciais. Além da candidatura presidencial do antigo líder do PSD Marques Mendes, as sondagens têm atribuído favoritismo ao ex-chefe do Estado-Maior da Armada, almirante Gouveia e Melo.

António José Seguro, secretário-geral do PS entre 2011 e 2014, é quem tem dado mais sinais de poder entrar na corrida a Belém, mas uma sua candidatura deverá deparar-se com resistências, sobretudo entre os dirigentes que estiveram com os governos de António Costa.

António Vitorino, antigo comissário europeu e ministro do primeiro Governo de António Guterres, atual presidente do Conselho Nacional para as Migrações e Asilo, parece reunir mais apoios entre os membros direção de Pedro Nuno Santos, mas, até agora, ainda não deu qualquer sinal de estar disponível para uma candidatura presidencial.

Numa segunda linha, está o ex-presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, que gostaria de apoiar António Vitorino. Mas se este não se candidatar, ele próprio não excluiu avançar.

No mesmo plano, encontra-se também o professor jubilado Sampaio da Nóvoa, que ficou em segundo lugar nas eleições presidenciais de 2016 e que várias figuras socialistas, entre as quais Pedro Delgado Alves, consideram uma hipótese para unir a esquerda em torno de uma só candidatura.

O presidente do PS, Carlos César, no fim de janeiro, quando anunciou a convocatória desta reunião da Comissão Nacional para discutir as presidenciais, disse acreditar que o seu partido estaria então em condições de "tomar uma boa decisão".

Questionado então se seria tomada uma decisão final na reunião do órgão máximo do PS sobre eleições presidenciais, Carlos César colocou duas hipóteses. "Se já estiver em condições de optar por um desses nomes [Seguro ou Vitorino] ou por outro nome qualquer, muito bem; se não estiver também definirá um perfil ou um calendário para o tratamento do tema", disse.

Porém, depois destas declarações de Carlos César na CNN/Portugal, já na passada segunda-feira, o secretário-geral do PS baixou expectativas em termos de resultados concretos, dizendo que a reunião da Comissão Nacional do PS de hoje serviria sobretudo para "debater" a questão das eleições presidenciais.

Entretanto, na quinta-feira, foi admitida para discussão na Comissão Nacional uma proposta de Daniel Adrião, dirigente de uma corrente minoritária, no sentido de o PS realizar uma consulta aberta a simpatizantes para decidir qual o candidato a apoiar nas presidenciais.

Antes, no início de janeiro, o antigo líder Ferro Rodrigues tinha sugerido a realização de eleições primárias no PS entre os potenciais candidatos presidenciais do centro esquerda e que visariam a escolha de um só candidato.

Porém, tanto a ideia de consulta, como a de eleições primárias, parecem ter um apoio minoritário entre os dirigentes do partido.

 

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