“Com Trump, a democracia pode desaparecer nos Estados Unidos. Silenciar as universidades, a imprensa... Já vemos ações nesse sentido e ainda estamos no início do seu mandato”. A frase é de Joseph Stiglitz, vencedor do Nobel da Economia em 2001, numa entrevista ao jornal El Pais.

O economista norte-americano, de 82 anos, afasta a possibilidade de uma guerra civil no seu país na sequência da resposta do presidente norte-americano, Donald Trump, aos protestos contra a política de imigração dos EUA, mas não sabe como poderá o sistema travar a ameaça à democracia. “Quando um presidente desobedece a ordens judiciais estamos a entrar em terreno desconhecido”, assume.

Depois de participar numa conferência sobre os perigos da desinformação no Observatório de Medios, em Madrid, Stiglitz admitiu que “o wokismo terá ido demasiado longe”, mas “a resposta política foi extrema”.

“Vivemos numa distopia em que muitos canais entretêm com informação não confiável e que apela às emoções. Trump ilustra esse modelo perfeitamente. Mente a cada dia e nada o trava”, afirmou. na entrevista publicada na edição do jornal espanhol desta quarta-feira.

E pensa que a desinformação é a maior ameaça à democracia nos dias de hoje? “O problema está na sua capacidade de penetração social por razões que se amplificaram nas últimas décadas como a desigualdade, que provoca desilusão, ou a desindustrialização ou o esquecimento e ignorância relativamente a muitas pessoas afetadas por estes problemas", responde.

Na conferência, o economista defendeu que o legado do iluminismo “dotou os humanos de ferramentas para procurar a verdade e dar certezas à sociedade”. Na entrevista, assumiu que há “uma batalha” em curso, mas garantiu que os “neo-reacionários defensores do iluminismo sombrio” “não estão a ganhar em todo o lado, nem na Europa”. E quanto aos EUA justificou a sua convicção com referências “aos protestos contra as políticas de Trump em Los Angeles, Nova Iorque, Califórnia...”.