
O secretário dos Negócios Estrangeiros, David Lammy, anunciou que o Governo vai investir 600 milhões de libras (700 milhões de euros, à taxa de câmbio atual) em serviços de inteligência após estas descobertas.
"Os casos de espionagem, interferência na nossa democracia e ataques à nossa segurança económica por parte da China aumentaram nos últimos anos", pode ler-se nas conclusões da auditoria às relações de Londres com Pequim encomendada pelo primeiro-ministro Keir Starmer após a sua tomada de posse há um ano.
O relatório recomenda, por isso, o reforço da resiliência face à ameaça representada por Pequim, ao mesmo tempo que defende um elevado nível de comprometimento nas "relações comerciais e de investimento".
"Entendemos que a China representa uma ameaça sofisticada e persistente", mas "não se envolver com a China não é uma opção", vincou David Lamy aos deputados.
"Cooperaremos onde pudermos e desafiaremos onde for necessário", garantiu Lammy, acrescentando que o executivo britânico nunca irá "comprometer a segurança nacional".
O governo trabalhista, eleito em julho, procura melhorar as relações com Pequim, que têm estado bastante tensas durante os últimos governos conservadores.
Os motivos incluem as críticas de Londres às restrições às liberdades em Hong Kong, ao tratamento dado à minoria muçulmana uigur em Xinjiang e uma série de acusações mútuas de espionagem.
O degelo acelerou-se em novembro de 2024 com um encontro entre Keir Starmer e o Presidente chinês Xi Jinping, à margem do G20 no Brasil, o primeiro entre os líderes destes dois países desde 2018.
Starmer espera que o investimento chinês o ajude a cumprir a sua principal missão, reanimar a economia britânica.
Cerca de trinta organizações, incluindo os Repórteres Sem Fronteiras (RSF) e a Amnistia Internacional, pediram hoje ao primeiro-ministro britânico que se reunisse com Sebastian Lai, filho do magnata dos media Jimmy Lai, que tem nacionalidade britânica e está preso em Hong Kong desde o final de 2020.
A publicação deste relatório surge também numa altura em que o governo de Starmer deverá decidir sobre o polémico plano de transferir a embaixada chinesa para um local histórico no centro de Londres.
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