
Os deputados do Chega (CH), que integram a Comissão de Orçamento e Finanças da Assembleia da República, "receberam a Associação de Lesados do Banif, organização constituída em 2016 e que agrega cerca de 1 .500 associados, os quais representam cerca de 300 milhões de euros de capital do antigo banco", informa o partido em nota de imprensa desta quarta-feira, lembrando que "a associação nasceu na sequência da medida de resolução aplicada ao Grupo Banif pelo Banco de Portugal, em Dezembro de 2015, e reúne aforradores provenientes das regiões autónomas".
Citado na nota, Francisco Gomes, membro efectivo da comissão e deputado eleito pelo círculo da Madeira, sublinhou que o dossier dos lesados lhe é "profundamente próximo", pois "a esmagadora maioria das famílias afectadas" pelo caso "vive na Madeira e nos Açores, territórios já penalizados pelo desinteresse político de Lisboa".
O parlamentar acusa o executivo em funções à data da resolução de "conhecer a fragilidade iminente do banco e falhar na adoção das medidas de salvaguarda". Recorde-se que aquando da decisão do Banco de Portugal a 20 de Dezembro de 2015, o XXI Governo Constitucional era liderado por António Costa, que tinha tomado posse a 26 de Novembro e cujo governo tinha sido formado após as eleições de 4 de Outubro, substituindo o governo de Pedro Passos Coelho, que estava no poder desde Junho de 2011.
"Parece claro, pelo que ouvimos, que governo de então sabia, mas nada fez. Deixou que milhares de cidadãos fossem empurrados para o precipício financeiro, num acto de negligência imperdoável que o país ainda não pagou", disse Francisco Gomes, deputado que "estende a crítica ao governo socialista de António Costa, recordando que "dispôs de todas as condições, inclusive de uma maioria absoluta, para reparar o prejuízo dos lesados do Banif e, ainda assim, preferiu o silêncio, a inércia e a proteção do sistema, ao invés de fazer justiça a cidadãos de boa-fé", frisa.
O deputado do CH "censura, igualmente, os atuais executivos de Luís Montenegro, que, segundo diz, 'até ao momento não receberam a associação, protelando uma resposta que já leva quase uma década e alimentando a percepção de que o Estado apenas age sob pressão mediática ou judicial'", lê-se na nota. "O Estado deve reparar, não adiar. Cada dia de atraso é mais uma ofensa à dignidade de quem perdeu as poupanças de uma vida — e mais uma demonstração de que o sistema continua a proteger os fortes e a sacrificar os pequenos", exige.
O texto termina, salientando que "segundo informações partilhadas durante a reunião, a Associação de Lesados já avançou com uma notificação judicial avulsa contra o Estado português, destinada a compelir o governo a aprovisionar o montante em dívida nas contas públicas. Para Francisco Gomes, esta iniciativa judicial 'é o resultado direto da surdez do poder político' e reforça a urgência de um acordo célere e justo", conclui.