Chapo, que era candidato único à sucessão de Filipe Nyusi, foi eleito numa reunião do Comité Central do partido, que juntou 254 membros efetivos do órgão na Matola, nos arredores da capital moçambicana, Maputo.

"Este é um momento especial para o nosso partido e igualmente um momento de muita responsabilidade. Estamos a assumir o partido que começou o sonho para construção deste Moçambique", declarou, após ser empossado.

Todos os anteriores Presidentes de Moçambique foram também presidentes da Frelimo, partido no poder desde 1975, e que agora também tem a maioria absoluta no parlamento, 171 assentos.

Para Capo, entre os vários desafios que o país enfrenta, a consolidação da paz e da unidade nacional estão entre as prioridades.

"A unidade nacional tem de continuar a ser o nosso foco (...). Vamos juntos continuar a trabalhar para consolidar a paz, a unidade e o desenvolvimento nacional", frisou Chapo.

 De acordo com os estatutos da Frelimo, o Comité Central tem a competência de "eleger, entre os seus membros, por maioria de dois terços, o presidente do partido, no caso de substituição por morte, renúncia ou incapacidade", sob proposta da comissão política, pelo que, face à saída de Nyusi antes do final do mandato, não será necessário convocar um congresso.

Formado em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade Eduardo Mondlane, em Maputo, em 2000, Daniel Francisco Chapo, de 48 anos, nasceu em Inhaminga, província de Sofala, centro de Moçambique, em 06 de janeiro de 1977, sendo por isso o primeiro Presidente nascido já depois da independência do país (1975).

Chapo, que já foi locutor de rádio, docente universitário e administrador, era, até à altura da sua indicação com candidato da Frelimo, pelo Comité Central, em maio do ano passado, um político de "perfil discreto" que governava, desde 2016, a província turística de Inhambane, no sul de Moçambique.

Apontado pela Frelimo como uma "proposta jovem", assumiu em 15 de janeiro a Presidência moçambicana no ano em que o país assinala 50 anos de independência, um período marcado, entretanto, pela maior contestação aos resultados eleitorais desde as primeiras eleições, em 1994.

Desde outubro, pelo menos 327 pessoas morreram, incluindo cerca de duas dezenas de menores, e cerca de 750 foram baleadas durante os protestos, de acordo com a plataforma eleitoral Decide, organização não-governamental que acompanha os processos eleitorais.

São manifestações e paralisações convocadas, primeiro, pelo antigo candidato presidencial Venâncio Mondlane, que não reconhece os resultados. Na rua, hoje, os protestos são maioritariamente assumidos por jovens, que questionam os 50 anos da governação da Frelimo e, além do argumento da verdade eleitoral, incluem, como motivações, o desemprego e a baixa escolaridade, que, dos 32 milhões de moçambicanos, afeta um terço dos cerca de 9,4 milhões de jovens.

Essencialmente, no seu manifesto, com o slogan "Vamos Trabalhar", a prioridade é "atacar a burocracia e a corrupção", avançou Chapo, em entrevista à Lusa em outubro, destacando que governar o país era uma "missão" lhe havia sido atribuída pela Frelimo.

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