
A 6.ª sessão do julgamento do homem acusado de matar Mónica Silva, que decorreu esta terça-feira no tribunal de Aveiro, foi preenchida com a inquirição do inspetor da Polícia Judiciária que analisou a pegada digital do arguido e da vítima.
Durante a manhã e parte da tarde, o tribunal de júri esteve a ouvir os esclarecimentos prestados pelo inspetor da Judiciária que analisou os dados dos telemóveis de Fernando Valente e de Mónica Silva, que permitem acompanhar as suas movimentações.
"Foi um depoimento muito importante, muito detalhado e muito técnico", disse à Lusa o advogado António Falé de Carvalho.
O advogado, que representa os filhos menores da grávida, que está desaparecida desde 03 de outubro de 2023, referiu ainda que esta testemunha não fazia parte do rol inicial de testemunhas da acusação, tendo sido incluída posteriormente, a pedido do Ministério Público, para esclarecer algumas dúvidas.
Ainda nesta sessão, foi inquirida uma outra testemunha de acusação e foi ouvido o ex-companheiro da vítima, assistente no processo, que prestou declarações através de meios de comunicação à distância, em virtude de se encontrar embarcado.
Durante a audiência teve ainda lugar a continuação da reprodução das declarações para memória futura prestadas por um dos filhos menores de Mónica Silva.
Julgamento decorre à porta fechada
A sessão foi interrompida cerca das 17:00, sendo retomada na quarta-feira, pelas 09:30, para inquirição da irmã gémea de Mónica Silva, um depoimento considerado muito importante, na ótica da família da vítima, porque ela "era a pessoa com quem a Mónica desabafava diariamente".
O julgamento realizado com tribunal de júri (composto por três juízes de carreira e oito jurados) está a decorrer à porta fechada, sem a presença de público e jornalistas, porque a juíza titular do processo determinou a exclusão da publicidade da audiência de julgamento e demais atos processuais, para proteger a dignidade pessoal da vítima face aos demais intervenientes envolvidos, nomeadamente os seus filhos.
MP acusa Fernando Valente de matar a vítima e o feto que esta gerava
Fernando Valente, que teve uma relação amorosa com a vítima que terá resultado numa gravidez, está acusado dos crimes de homicídio qualificado, aborto, profanação de cadáver, acesso ilegítimo e aquisição de moeda falsa para ser posta em circulação.
O arguido, que se encontra em prisão domiciliária, foi detido pela Polícia Judiciária (PJ) em novembro de 2023, mais de um mês depois do desaparecimento da mulher, de 33 anos, que estava grávida com sete meses de gestação.
O MP acusa o arguido de ter matado a vítima e o feto que esta gerava, no dia 03 de outubro de 2023 à noite, no seu apartamento na Torreira, para evitar que lhe viesse a ser imputada a paternidade e beneficiassem do seu património.
A acusação refere ainda que durante a madrugada do dia 04 de outubro e nos dias seguintes o arguido ter-se-á desfeito do corpo da vítima, levando-o para parte incerta, escondendo-o e impedido que fosse encontrado até hoje.