
O antigo Alto Representante da União Europeia (UE) para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança Josep Borrell criticou, este domingo, a UE por ficar "calada" perante a morte de milhares de crianças palestinianas em Gaza.
"Mas onde é que está a liderança europeia? Eu gostaria muito de ter um líder na Europa que, perante os massacres em Gaza, diga 'não'", afirmou, num discurso durante a abertura da conferência Ibrahim Governance Weekend (IGW), em Marraquexe.
Segundo o antigo chefe da diplomacia europeia, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu "é um líder está a conduzir o seu país a cometer crimes de guerra tão horríveis ou ainda mais horríveis do que aqueles cometidos pelo Hamas".
"E a Europa mantém-se calada", lamentou.
"Eu gostaria de ter uma liderança europeia que fosse capaz de dizer: não, não é possível. Sim, nós matámos judeus há vários anos atrás, mas isso não dá razão aos israelitas para matar milhares e milhares de crianças palestinianas que não são culpadas", vincou.
O presidente do Conselho Europeu, António Costa, considerou na quarta-feira que "a autoridade moral de Israel está a desaparecer" e que já não existem justificações de legítima defesa.
Em entrevista exclusiva à TV Globo, durante uma visita ao Brasil, António Costa afirmou que "a autoridade moral de Israel está a desaparecer, porque o que justificou a sua legítima defesa já não está mais justificado".
É "simplesmente um ataque massivo a populações civis indefesas sem nenhuma justificativa", disse.
Também a sucessora de Borrell, Kaja Kallas, afirmou esta semana que a situação humanitária em Gaza "continua a ser intolerável", acusando Israel de ataques contra civis que "vão para além do que é necessário".
A posição da chefe da diplomacia da UE surgiu um dia após a presidente da Comissão Europeia ter instado Israel a levantar o "bloqueio severo" de ajuda humanitária em Gaza, que entrou na 11.ª semana, condenando também a "escalada e o uso desproporcionado da força" israelita, embora falando em "autodefesa".
Ursula von der Leyen tem enfrentado sérias críticas na UE pela sua posição face ao conflito em Gaza, especialmente devido à sua resposta inicial considerada parcial e ao seu silêncio perante alegadas violações do direito internacional por parte de Israel.
Outros líderes da UE têm condenado a situação humanitária em Gaza, causada pelos entraves israelitas à ajuda humanitária e aos constantes bombardeamentos das forças de Israel, que já mataram milhares de civis.