Esta posição foi transmitida pela coordenadora do Bloco de Esquerda (BE), Mariana Mortágua, numa declaração aos jornalistas no parlamento em que reiterou a exigência do seu partido no sentido de que Portugal se desvincule da NATO.

Em Haia, hoje, à entrada para a cimeira da NATO, o primeiro-ministro foi questionado sobre se Portugal está comprometido com os 5% do PIB em despesas militares, dos quais 3,5% em gastos militares tradicionais (Forças Armadas, equipamento e treino) e 1,5% adicionais em investimentos como infraestruturas e indústria.

Luís Montenegro respondeu: "Faremos isto com equilíbrio, de forma progressiva, conciliando todas as nossas responsabilidades, nomeadamente a estabilidade financeira e, por via dela, também a responsabilidade de assegurar às portuguesas e aos portugueses todas as respostas sociais sem prejudicar nenhum dos nossos eixos de política pública com o reforço deste investimento".

Perante os jornalistas, Mariana Mortágua assinalou que Luís Montenegro "concordou pela primeira vez, ou admitiu pela primeira vez, concordar com a meta exigida pelo secretário-geral da NATO [Mark Rutte] e por [Donald] Trump de 5% dos gastos em Defesa, sendo 3,5%, para 2035, só em armamento".

"Isto significa, em média, gastar 450 milhões a mais todos os anos em armamento. Num país que não consegue assegurar a educação que toda a gente, que não consegue assegurar saúde, serviços públicos, que não consegue fazer os investimentos de que precisa em infraestruturas, está a comprometer-se no sentido de gastar 5% do PIB, mais 450 milhões por ano, em armamento apenas para servir as ordens de Trump e do secretário-geral da NATO", acusou.

Para a coordenadora do BE, "esta subserviência a Donald Trump e à NATO não interessa e não defende Portugal".

Mariana Mortágua apontou, ainda, que o primeiro-ministro português não seguiu a opção do seu homólogo espanhol, Pedro Sánchez, e acabou "por admitir gastar mais em armas".

Na parte inicial da sua declaração, a coordenadora do BE voltou a defender que Portugal deverá sair da NATO, considerando-a "uma aliança perigosa para Portugal".

"Temos o secretário-geral da NATO a cumprimentar o presidente dos Estados Unidos, que trata por querido Donald, e assistimos a uma intervenção que atenta contra o direito internacional no Irão. Temos basicamente o secretário-geral da NATO a dizer ao presidente dos Estados Unidos que conseguiu convencer os países europeus a gastarem à grande -- e esta expressão é do secretário-geral da NATO - em despesas militares", apontou Mariana Mortágua.

A deputada do Bloco de Esquerda relacionou depois este investimento com o interesse dos Estados Unidos nos gastos militares europeus.

"Sabemos que uma parte destes gastos militares destina-se à indústria norte-americana", sustentou.

Portugal já se comprometeu a atingir o objetivo dos 2% do Produto Interno Bruto em Defesa este ano, sem orçamento retificativo, cortes em despesas sociais ou prejudicar as contas públicas, o que significa um aumento de cerca de 1.300 milhões.

 

PMF (ARL/ANE) // SF

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