
O Banco Central Europeu (BCE) termina hoje a reunião de dois dias sobre política monetária e os analistas esperam que seja anunciado mais um corte de 25 pontos base, numa altura em que a incerteza pesa na economia.
Na última reunião, em março, o BCE cortou as taxas em 25 pontos base (p.b.), naquela que foi a sexta redução desde o início deste ciclo de cortes que começou em junho de 2024.
Agora, na reunião de dois dias de abril, os analistas consultados pela Lusa antecipam um novo corte, principalmente tendo em conta os riscos ao crescimento que surgem da guerra comercial lançada pelo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
O diretor de Investimento Global em Obrigações da Allianz Global Investors (Allianz GI), Michael Krautzberger, indica numa nota de análise que os "receios de uma guerra comercial global frustraram as esperanças de que a zona euro pudesse estar a iniciar uma recuperação económica sustentada em 2025", sendo que os mercados agora esperam que o BCE "corte os juros nas próximas duas reuniões, e uma taxa no final do ciclo previsto abaixo dos 2%".
Já o BPI Research também partilha da expetativa de um corte das taxas de juro em 25 p.b., "prosseguindo a flexibilização monetária iniciada em 2024, tanto porque a inflação parece ter acelerado o seu regresso aos 2% como porque a atividade continua a dar sinais de fraqueza num ambiente de incerteza muito elevada e de numerosos riscos", segundo uma nota breve.
Por sua vez, o economista sénior da Generali AM, Martin Wolburg, antecipa mesmo que a guerra comercial desencadeie mais três cortes consecutivos nas taxas para 1,75%, admitindo mesmo que se escalar mais, "cortes ainda maiores para território expansionista estarão no horizonte", segundo indica num comentário de antecipação.
Na análise da Ebury, assinada pelo analista Roman Ziruk, salienta-se ainda que as projeções de março do BCE "já parecem bastante desatualizadas" e que os para os próximos passos, a abordagem às tarifas de Trump deve estar em foco pelo banco central.
Já existiram vários avanços e recuos nas decisões e declarações de Donald Trump sobre as tarifas, depois de serem adiadas por 90 dias para todos os parceiros com exceção da China. Nos últimos dias, têm sido feitos anúncios sobre as taxas aplicadas a certos setores, nomeadamente nos produtos tecnológicos como telemóveis e 'chips'.
As taxas de juro aplicáveis à facilidade permanente de depósito, às operações principais de refinanciamento e à facilidade permanente de cedência de liquidez situam-se, respetivamente, em 2,50%, 2,65% e 2,90%.