A edição de 2025 dos prémios da Associação Portuguesa de Museologia (APOM) atribuiu, hoje, à Região Autónoma da Madeira três distinções (um prémio e duas menções honrosas) a museus tutelados pela Secretaria Regional de Turismo, Ambiente e Cultura através da Direcção Regional da Cultura. Nomeadamente, o Museu Etnográfico recebeu prémio 'Parceria' e uma menção honrosa e o Museu Colombo uma menção honrosa. O programa “Museus com História” da RTP-M, também foi premiado.

"É com enorme satisfação e orgulho que recebemos a notícia destas distinções. Estes galardões são um justo reconhecimento do trabalho consistente, inovador e profundamente comprometido com a preservação e valorização do nosso património cultural e histórico”, destacou o secretário Regional de Turismo, Ambiente e Cultura, durante a cerimónia de entrega de prémios.

Eduardo Jesus considera que os museus e espaços culturais tutelados pela Região têm vindo “a afirmar-se, não apenas como guardiões da memória colectiva, mas também como espaços vivos de educação, investigação e fruição cultural".

"Estes prémios vêm reforçar o valor do investimento que temos feito nos espaços museológicos, na qualificação das equipas e na programação cultural (...). Estes reconhecimentos, que muito nos honram, pertencem a todos os que acreditam na cultura como motor de desenvolvimento e identidade regional”, vincou.

Ao Museu Etnográfico da Madeira (MEM) foi atribuído o prémio 'Parceria' ao projecto 'Onde a Lã Vive', uma parceria cultural e comunitária, que reuniu instituições, artesãos, investigadores e a comunidade local, para valorizar a tradição da lã na Região.

Promovido pelo MEM, 'Onde a Lã Vive' insere-se num projecto mais vasto, o qual, para além da exposição, procura contemplar outras vertentes de interpretação e mediação cultural.

A iniciativa consolidou-se através de várias parcerias, nomeadamente com:Coletivo Enfia o Barrete (Irina Andrusko e Luz Ornelas), Câmara Municipal da Ribeira Brava (residência artística no Espaço do Artesão), Rafaela Rodrigues (autora do livro infantojuvenil 'A Fiandeira'), Rosa Pomar (historiadora e investigadora – registo de repertório de tricot), Rui Dantas (realizador responsável pelo documentário 'Onde a Lã Vive' da série do MEM, 'Museus Vivos'), Associação dos Criadores de Gado das Serras do Poiso e Instituto das Florestas e Conservação da Natureza (apoio nas tosquias para obtenção de lã), Instituto do Vinho, Bordado e Artesanato (cedência de lã para a instalação 'Barrete do Gigante') e a Comunidade Local (cedência de objetos e depoimentos para a exposição).

O projecto concretizou-se em diferentes formatos: uma exposição temporária (com peças do espólio do MEM e de particulares, peças contemporâneas e instalações artísticas, inspiradas na tradição, e imagens e testemunhos de literatura oral), o livro da Coleção Cadernos de Campo (n.º 8), com registo do estudo completo, um livro infantojuvenil ('A Fiandeira'), um documentário (da série 'Museus Vivos') e um conjunto de oficinas, orientadas por especialistas, que decorreram ao longo da exposição.

"Este projecto, criativo, valorizou a identidade cultural regional, resgatou técnicas tradicionais e impulsionou a economia circular. Com o envolvimento da comunidade e uso de materiais sustentáveis, reforçou a sua relevância social e ambiental. 'Onde a Lã Vive' demonstra como a cooperação é condição para a preservação do património cultural, recuperando a ancestral prática da transformação da lã e o repertório de tricot da Região, apresentando-os a novos públicos", destaca a tutela em comunicado de imprensa.

Já a exposição do MEM, integrada neste projecto e com o mesmo título, recebeu uma menção honrosa na categoria de Exposição Temporária. A mostra, organizada pelo MEM, em parceria com o Colectivo Enfia o Barrete, teve como foco a valorização do património cultural regional.

Inaugurada a 17 de Outubro de 2024, seguia o ciclo natural da lã, desde a tosquia até à sua transformação em artefactos culturais, visando proporcionar um encontro imersivo entre o visitante e a lã regional, reflectindo sobre o passado, presente e futuro deste recurso na economia e na sustentabilidade local.

O percurso iniciou-se com uma instalação identitária de um barrete de orelhas e foi interactivo e sensorial, simulando a jornada da lã, desde a natureza até ao objecto, recorrendo a elementos visuais, sonoros e tácteis.

A exposição estava organizada em dois espaços: o 'Arquétipo', que exibia a tradição do pastoreio e técnicas ancestrais, valorizando a comunidade local; o 'Protótipo', que apresentava interpretações contemporâneas, com foco na sustentabilidade.

Foram seleccionados objectos do acervo do museu, em reserva, e de particulares, e testemunhos iconográficos e bibliográficos e da tradição oral. Inseriram-se elementos interactivos para envolver o público de forma activa e inclusiva, seguindo uma abordagem ecológica, demonstrando o potencial a lã das ovelhas regionais, atualmente desperdiçada.

A mostra conquistou variados públicos, ao serem proporcionados materiais informativos bilingues e em QR Código e formatos inclusivos, oficinas, apresentações de livros e um documentário, além de um concurso de presépios sustentáveis (com lã fornecida pelo Coletivo Enfia o Barrete), incentivando a participação activa da comunidade e promovendo a transmissão do conhecimento e a valorização do património cultural.

A Secretaria realça a grande afluência do público, que justificou o aumento do período em exibição.

"A tradição, inovação e sustentabilidade, foram focos centrais, cujo impacto estendeu-se à educação patrimonial, ao reforço da identidade local e à promoção da economia circular na Região", salienta a nota de imprensa.

Finalmente, o Museu Colombo recebeu uma menção honrosa na categoria de Incorporação, tendo por base as doações realizadas por mecenas no ano 2024 e a coleção que em muito enriqueceram a nova museografia da Casa Colombo – Museu do Porto Santo e dos Descobrimentos Portugueses.

Refira-se que a equipa da Secretaria Regional de Turismo, Ambiente e Cultura, Direção Regional da Cultura e Direção de Serviços do Património Cultural desenvolveu o estudo de ampliação da antiga Casa Colombo-Museu do Porto Santo, que reabriu ao público a 5 de Julho de 2023, agora com o anexo da antiga Baiana, imóvel do século XVII.

Foi a continuação de um projecto primitivamente iniciado nos anos 80 do século XX, no centro da Vila Baleira, e na casa onde tradicionalmente se diz ter vivido Cristóvão Colombo. Tratava-se, apenas, de uma pequena unidade museológica.

Já em 2004, foi transformada e enriquecida com novos conteúdos museográficos e artísticos, cujo programa centrou-se na afirmação da posição estratégica do Porto Santo no contexto dos descobrimentos portugueses e abertura de Portugal ao mundo.

Com as novas obras e requalificação do museu, foi criado um novo programa expositivo, valorizando temas da histórica local, do seu posicionamento estratégico e das condições de diálogo dos portugueses com outros povos e as viagens transoceânicas, que para melhor compreensão foram ofertadas peças de valor artístico e histórico.

Foram doadas 34 peças, no anode 2024, permitindo uma visão mais alargada do contexto do mundo português, desde meados do século XV, com os achamentos do Porto Santo e Madeira.

O novo museu apresenta "uma exposição permanente renovada, que elucida o trânsito civilizacional que Portugal foi pioneiro na Europa", evidencia a tutela.

Na cerimónia de hoje, foi também entregue o prémio de trabalho jornalístico/media ao programa 'Museus Com História', um projecto do jornalista da RTP-Madeira, Filipe Gonçalves, que visou 12 museus e núcleos museológicos tutelados pela Secretaria Regional de Turismo, Ambiente e Cultura através da Direcção Regional da Cultura.

Refira-se que a Associação Portuguesa de Museologia tem por objectivos: promover o conhecimento da museologia e reconhecer a importância do papel desempenhado pelos museus portugueses e seus profissionais em cada comunidade, local, regional ou nacional.

Desde 1995, a APOM tem vindo a atribuir prémios anualmente, r, distribuídos pelas inúmeras categorias que refletem as diferentes áreas funcionais e profissionais que se relacionam com a Museologia e com o Património Cultural.

Os museus da Madeira e em particular os que estão sob a tutela da Direção Regional da Cultura (sócios institucionais da APOM) e a Direção de Serviços de Património Cultural, têm, de forma regular, apresentado candidaturas aos PRÉMIOS APOM, desde 2006, respeitantes às principais funções museológicas e patrimoniais, muitas delas reconhecidas e distinguidas com menções honrosas e/ou prémios, demonstrativas da qualidade e do importante trabalho desenvolvido em prol da valorização e salvaguarda do património artístico e cultural da RAM.

Desde 2006 e contabilizando os prémios de 2025, foram já atribuídas 47 distinções à Região.