
A produção e consumo de plásticos a nível global duplicou nas últimas décadas e prevê-se que triplique até 2060, a manter-se a situação atual, alerta a associação ambientalista Zero, ao defender a necessidade de inverter esta tendência.
Produzir com pouca qualidade e descartar em seguida leva a uma curta existência do produto, mas a uma vida longa do resíduo, sustentou a associação, na véspera do Dia Mundial do Ambiente.
Segundo a Zero, a utilização de plásticos na Europa registou "uma ligeira diminuição", de 58,8 milhões de toneladas em 2018 para 56,5 milhões de toneladas em 2020, o equivalente a 107 quilos por pessoa, o que faz da União Europeia um dos maiores consumidores per capita.
Portugal acima da média europeia
Em 2020, o setor das embalagens e a construção civil utilizaram mais de metade dos plásticos na Europa, seguindo-se a indústria automóvel, a eletrónica e os utensílios domésticos, sublinhou a Zero, em comunicado.
A Zero considera que a legislação criada para regular esta área é como "esvaziar uma banheira com uma colher de sopa" enquanto a torneira continua a correr com um caudal elevado.
As embalagens, referiu no mesmo documento, acabam por ser a face mais visível, mas não são a única preocupação.
Citando dados do Eurostat, a associação referiu que em 2022 cada cidadão europeu produziu, em média, 186,5 quilos de resíduos de embalagens. Portugal está acima deste valor, com 188 quilos por habitante.
Resíduos crescem mais que a economia na UE
Na última década, a produção destes resíduos aumentou cerca de 20% na União Europeia, "muito acima do crescimento económico". O papel representa atualmente 41% (mais 21%), o plástico 19% (mais 30%), a madeira 16% (mais 20%) e o metal 5% (mais 7%).
A Zero pretende aumentar a eficiência da recolha seletiva destes resíduos, mas também alternativas para os serviços de 'take-away' e a taxação de todas as embalagens usadas para este fim, independentemente do material.
Outra medida preconizada no documento é o cumprimento das metas de redução e produção de resíduos de embalagens, de pelo menos 5% até 2030, 10% até 2035 e 15% até 2040, tendo como referência o ano de 2018.
Ao Tratado Global para os Plásticos, a Zero quer também associar medidas de controlo juridicamente vinculativas.