
A Amazónia, a maior floresta tropical do planeta, evapora 20 mil milhões de toneladas de água por dia, segundo o coordenador geral da organização MapBiomas, Tasso Azevedo.
"Para fazer isso com energia, seriam necessários seis meses de toda a energia elétrica do planeta para poder fazer o serviço que a Amazónia faz em um dia", disse, na III edição do Fórum Latino-Americano de Economia Verde (FLEV), organizado pela Agência EFE.
Esse é o valor da maior floresta tropical do planeta, sobre o qual o Brasil levará uma proposta para a criação de um fundo internacional na próxima cimeira mundial sobre o clima (COP30), que será realizada em novembro na cidade amazónica de Belém.
Esse vapor de água chega à atmosfera através da transpiração das árvores e forma os chamados "rios voadores", acumulados de humidade que irrigam a região sul-americana com chuva, detalhou o responsável do coletivo de organizações não governamentais, universidades e empresas de tecnologia que analisam dados sobre os biomas.
Sem esse gigantesco processo de evaporação, as vastas áreas agrícolas do Brasil e da Argentina, por exemplo, estariam em sério perigo.
Nesse sentido, o Brasil lançará na COP30 o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF, na sigla em inglês), um novo mecanismo de conservação para as florestas tropicais do planeta.
O objetivo é somar investimentos públicos e privados e direcionar recursos diretamente para aqueles que conservam as florestas, como os povos indígenas.
No entanto, Cláudio Angelo, coordenador de Política Internacional da rede ecológica Observatório do Clima e também coautor do livro 'O Silêncio da Motosserra', expôs no fórum algumas dificuldades para adotar um modo de vida sustentável na região amazónica brasileira.
Destacou o caráter conservador do setor pecuário e o facto de que comprar terras e destruir a sua massa vegetal continua a ser "muito barato".
Além disso, "os incentivos para mudar o comportamento são muito baixos", frisou.
Há também uma questão política, pois os grupos de pressão do setor agropecuário ganharam espaço no parlamento, onde impulsionaram iniciativas para flexibilizar a regulamentação ambiental.
Entre 1985 e 2023, toda a Amazónia perdeu mais de 88 milhões de hectares de florestas, uma área quase tão grande quanto a Venezuela, de acordo com uma análise do Mapbiomas.
Nas áreas onde a floresta diminuiu, o uso do solo para agricultura expandiu-se 598% e para pecuária, 298%.