O ministro alemão do Meio Ambiente e Proteção Climática, Carsten Schneider, afirmou hoje que é possível limitar o aquecimento global, como foi demonstrado desde o Acordo de Paris, e pediu para se intensificarem os esforços nesse sentido.

"As alterações climáticas são um grande desafio para toda a humanidade e para todos os países. Nos últimos dez anos, mostrámos que podemos fazer algo contra elas, que podemos limitar o aquecimento global", afirmou o ministro, no âmbito da conferência sobre o clima, que hoje começou em Bona.

"Antes do Acordo de Paris, as previsões dos peritos apontavam para um aumento das temperaturas globais de quatro a cinco graus até ao final do século. Os cenários mais recentes estão abaixo dos três graus e ainda permitem atingir o limite de 1,5 graus", destacou o responsável.

E acrescentou: "O meu objetivo é que a União Europeia apresente, o mais tardar em setembro, os seus planos para reforçar a proteção do clima na Europa. Desta forma, podemos motivar outros países a intensificarem os seus esforços e também criar segurança de investimento".

No início da conferência, também o secretário executivo da ONU para as alterações climáticas, Simon Stiell, afirmou que sem o multilateralismo exigido pela ONU se estaria a caminhar para um aquecimento global de até 5°C, e que atualmente, ronda os 3°C.

O responsável também disse que limitar o aumento da temperatura a 1,5°C continua a ser um objetivo alcançável e essencial.

A propósito da conferência, que serve de preparação para a Conferência das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas (COP30), que se realiza em novembro no Brasil, a Amnistia Internacional pediu hoje que sejam protegidas e ouvidas as comunidades de base que lutam contra as alterações climáticas.

São as pessoas que mais sofrem com os impactos das alterações climáticas, ainda que sejam as que menos têm responsabilidade pelo aquecimento global, referiu a organização internacional.

"As comunidades marginalizadas da linha da frente e as comunidades adjacentes que menos utilizam combustíveis fósseis continuam a sofrer os piores impactos das alterações climáticas", diz a AI num relatório.

As comunidades incluem agricultores de subsistência, povos indígenas e pessoas em Estados insulares de baixa altitude que estão ameaçados pela subida do nível do mar e pela intensidade das tempestades, ou que vivem perto de centros de produção de combustíveis fósseis e de transportes.

A conferência, que decorre até dia 26, tem a presença de cerca de 6.000 participantes de todo o mundo.

Nela vão debater-se temas relacionados com a COP30, nomeadamente a busca de estratégias para garantir que os processos de transformação destinados a reduzir as emissões sejam efetuados de forma socialmente justa.

As reuniões de junho da ONU sobre o Clima realizam-se anualmente no Centro Mundial de Conferências de Bona (WCCB), em Bona, na Alemanha, onde está sediada a Convenção Quadro das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas (UNFCCC, na sigla original).