O Benfica reencontra no sábado um Chelsea de más memórias na corrida aos quartos de final do Mundial de clubes, num embate dos 'oitavos' marcado para Charlotte, onde fez história frente ao Bayern Munique.

Na terça-feira, os 'encarnados', que precisavam de empatar para selarem - sem depender de outros - o apuramento para a fase a eliminar, acabaram por conseguir um feito inédito, ao baterem os bávaros pela primeira vez, após três empates e 10 derrotas.

À 14.ª tentativa, numa história que se começou a escrever em 1975/76, o Benfica acabou com a 'malapata', mas, ao vencer esse encontro e conquistar o Grupo C, vai agora deparar-se com outra, pois nunca ganhou, ou sequer empatou, com o Chelsea.

O historia dos confrontos com os 'bleus' não é, porém, comparável com que os 'encarnados' têm com os bávaros, pois só defrontaram os londrinos em três jogos, os dois primeiros nos 'quartos' da Liga dos Campeões de 2011/12 e outro logo na época seguinte, na final da Liga Europa.

Ambos os duelos trazem más recordações, pelas derrotas e a forma como as mesmas aconteceram, as duas últimas nos descontos, sendo que a primeira teve como palco o Estádio da Luz, em Lisboa, onde, em 27 de março de 2012, o Chelsea triunfou por 1-0.

Um golo do marfinense Salomon Kalou, aos 75 minutos, a encostar na pequena área um centro da direita do espanhol Fernando Torres, selou o triunfo dos ingleses, que alinharam de início com Paulo Ferreira (substituído por Bosingwa, aos 80), Raul Meireles e os ex-benfiquistas David Luiz e Ramires.

"Conseguimos criar ocasiões de golo, mas não as concretizámos. Estivemos melhor do que o Chelsea, mas o que conta são os golos", lamentou, no final, o treinador dos 'encarnados', Jorge Jesus.

Na segunda mão, em 04 de abril de 2012, o Benfica apresentou-se em desvantagem e desfalcado, com Jesus a ter de improvisar Javi García e Emerson como centrais, e, com naturalidade, o Chelsea adiantou-se, aos 21 minutos, num penálti de Frank Lampard.

A eliminatória parecia decidida, mas o Benfica chegou ao empate aos 85 minutos, por Javi Garcia, de cabeça, após um canto, ficando a um golo do apuramento. E esteve perto, em jogadas protagonizadas pelos 'improváveis' Nélson Oliveira e Yannick Djaló.

Os 'encarnados' tentaram ganhar e, por isso, acabaram por perder, quando em contra-ataque, já nos descontos, aos 90+2 minutos, o ex-portista Raul Meireles apontou o 2-1 final.

A formação 'encarnada' teve a hipótese de se 'vingar' dos ingleses logo na época seguinte, na decisão da Liga Europa, no que foi a primeira final do clube da Luz desde o desaire por 1-0 com o AC Milan na Taça dos Campeões de 1989/90.

Em Amesterdão, nos Países Baixos, em 15 de maio de 2013, o Chelsea voltou, no entanto, a levar a melhor, num embate em que marcou primeiro, aos 59 minutos, por Fernando Torres.

Aos 68 minutos, o paraguaio Óscar Cardozo ainda empatou o encontro, de grande penalidade, mas, nos descontos -- período em que já tinha perdido o campeonato para Kelvin e o FC Porto -, o sérvio Ivanovic deu o troféu aos londrinos.

O golo aconteceu aos 90+3 minutos e na jogada seguinte Cardozo quase bisou, mas falhou e o Benfica somou o terceiro desaire, o mais doloroso, em três jogos com o Chelsea, tendência que vai tentar alterar no sábado, em Charlotte.

Os londrinos têm um registo perfeito face aos 'encarnados' e também em eliminatórias contra outros clubes lusos, mais precisamente face ao FC Porto, que afastaram duas vezes da 'Champions', nos 'oitavos' de 2007/08 e nos 'quartos' de 2020/21.

Benfica tenta voltar a surpreender face a favorito Chelsea

O Benfica, a única equipa fora do 'top 5' europeu que atingiu os 'oitavos' do renovado Mundial de clubes de futebol, parte como 'outsider' para o duelo com o favorito Chelsea, marcado para sábado, na 'escaldante' Charlotte.

Os 'encarnados' vão ter pela frente o vencedor da Liga Conferência e quarto classificado da Premier League 2024/25, um clube que já arrebatou todos os troféus nacionais e internacionais, e tem um plantel dos mais caros da Europa.

Um dos ativos mais valiosos é Enzo Fernández, o mais dispendioso jogador dos londrinos, contratado ao Benfica por 121 milhões de euros, em 2023, depois de o médio ajudar a Argentina a conquistar o Mundial do Qatar2022, após apenas meio ano na Luz.

A formação londrina tem ainda do seu lado um passado imaculado face ao Benfica, com três vitórias em três jogos, nos quartos de final da Liga dos Campeões 2011/12 (1-0 na Luz e 2-1 em Stamford Bridge) e final na Liga Europa 2012/13 (2-1 em Amesterdão).

Desta forma, tudo aponta para a vitória do Chelsea, que no Mundial de clubes ficou no segundo lugar do Grupo D, com duas vitórias, por 2-0 face ao Los Angeles FC e por 3-0 ao Espérance Tunis, e, pelo meio, um desaire por 3-1 face ao Flamengo.

O português Pedro Neto, que inaugurou o marcador face a norte-americanos e brasileiros, tem sido, junto a Enzo Fernández, um dos destaques do 'onze' do italiano Enzo Maresca, no qual Cole Palmer, a estrela da companhia, tem estado 'apagado' e o português Dário Essugo, reforço para 2025/26, já se estreou.

Ainda assim, nos Estados Unidos o Benfica impressionou mais do que os londrinos, depois de uma época falhada, em que só conseguiu conquistar a Taça da Liga, ficando-se pelo segundo lugar na I Liga e pela final da Taça de Portugal, perdida com grande polémica para o Sporting.

No Mundial de clubes, o 'onze' de Bruno Lage começou por recuperar de 0-2 para 2-2 frente ao Boca Juniors, chegando à igualdade, por Otamendi, já reduzido a 10, depois goleou o Auckland City por 6-0 e, a fechar, conseguiu o primeiro triunfo de sempre, à 14.ª tentativa, face ao Bayern Munique (1-0).

Um golo do jovem norueguês Andreas Schjelderup, logo aos 13 minutos, e três defesas enormes do guarda-redes ucraniano Trubin valeram ao Benfica a vitória no Grupo C, contra todas as expectativas, e colocaram as 'águias' na rota do Chelsea.

Para o embate com os 'bleus', Lage já vai poder utilizar o defesa esquerdo espanhol Álvaro Carreras e o avançado italiano Belotti, que falharam o Bayern por castigo, e também o médio Florentino, recuperado da lesão sofrida no primeiro jogo.

Os 'encarnados' vão em busca dos 'quartos' e também de um prémio de 12,150 milhões de euros (ME), para juntar aos 26,126 ME já embolsados -- 14,6 ME pela presença, 3,7 ME pelos dois triunfos, 926.000 pelo empate e 6,9 ME pela qualificação para os 'oitavos'.

O Benfica e o Chelsea defrontam-se no sábado pela quarta vez, no segundo encontro dos oitavos de final do renovado Mundial de clubes, marcado para as 16:00 locais (21:00 em Lisboa), no Bank of América Stadium, em Charlotte, Estados Unidos.