Camiões com drones, desmontados ou já operacionais, foram conduzidos ao longo de toda a Rússia, posicionados perto de bases aéreas importantes, à espera de serem ativados remotamente. Um ano e meio depois de ter sido planeada, com a supervisão direta de Volodymyr Zelensky, a operação ‘teia de aranha’ assustou os russos, ao atingir cidades a muitos milhares de quilómetros de Kiev - e de Moscovo.

Desencadeada horas antes de mais uma ronda de negociações em Istambul, a Ucrânia quis mostrar aos russos que não está assim tão subjugada, sem ideias, sem qualquer trunfo. E conseguiu. Há já quem chame a este o momento “Pearl Harbor” da Rússia, um referência ao ataque da força aérea japonesa sobre a frota marítima norte-americana estacionada no Pacífico e que acabou por levar ao envolvimento determinada dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial.

Quando estas operações acontecem, o lado que as realiza é sempre lesto a vender o ataque como “o maior de sempre” ou “uma coisa nunca vista”, narrativa que depois é reproduzida pelos meios de comunicação. Neste caso, quantos e que tipo de aviões russos foram realmente atingidos, e quantos estão agora totalmente inviáveis?

Neste episódio do podcast O Mundo a Seus analisamos com lupa o ataque da Ucrânia sobre as bases aéreas russas como o coronel António Eugénio, assessor de estudos e investigador do Instituto de Defesa Nacional, navegador da Força Aérea Portuguesa, com experiência em exercícios e operações nacionais na NATO. E André Luís Alves, repórter na Ucrânia, frequente colaborador do Expresso e de outros meios, tanto nacionais como internacionais.

Na opinião do coronel, o que está em causa neste ataque não é tanto a quantidade de material que a Ucrânia conseguiu destruir, mas sim o tipo de aviões que foi atingido e o que isso diz sobre a capacidade russa em continuar a atacar e a defender com a facilidade com que tem feito até aqui. André Luís Alves lembra que, para os civis, este foi um “balão de oxigénio” depois de vários dias de ataques violentos da Rússia. Na linha da frente os que combatem todos os dias não assim estão tão impressionados.