
Na madrugada desta sexta-feira, Israel colocou no ar centenas de aviões de combate que atingiram diversos pontos do Irão. As imagens partilhadas nas redes sociais mostram várias instalações nucleares a serem atingidas por todo o país.
Mas Israel não se ficou apenas por atacar reatores. Eliminou alguns dos mais altos responsáveis pelo regime em Teerão, como o comandante dos Guardas da Revolução e o comandante-chefe das Forças Armadas iranianas.
“Esta noite, 200 caças atacaram e lançaram mais de 330 armamentos diferentes. Foram atacados 100 alvos em todo o Irão, incluindo membros superiores do Estado-Maior iraniano, os responsáveis pelo programa nuclear”, anunciou o porta-voz das Forças de Defesa israelitas.
O que levou Israel a atacar o Irão?
Ao longo desta semana, a Agência Internacional de Energia Atómica disse que o Irão não estava a cumprir as obrigações em matéria nuclear e que não podia garantir que o programa nuclear iraniano tivesse fins pacíficos.
Em resposta, Teerão prometeu não recuar e reforçar a produção de urânio enriquecido. Israel pegou na deixa e cumpriu esta noite uma ameaça antiga.
“Nos últimos anos, o Irão produziu urânio altamente enriquecido em quantidade suficiente para nove bombas atómicas. Nos últimos meses, o Irão deu passos que nunca tinha dado antes, passos para transformar este urânio enriquecido em armas. E se não for travado, o Irão poderá produzir uma arma nuclear em muito pouco tempo. Pode ser num ano. Pode ser dentro de alguns meses, menos de um ano. Este é um perigo claro e presente para a própria sobrevivência de Israel”, afirmou Benjamin Netanyahu.
Irão promete fazer Israel pagar pela ousadia
O Irão respondeu, para já, enviando uma centena de drones contra Israel, mas tudo indica que foram intercetados pelo caminho. Os israelitas tinham recebido indicação para ficarem perto de abrigos, mas as autoridades suspenderam entretanto essa ordem.
Esta manhã, o aeroporto Ben Gurion, em Telavive, estava vazio, sem qualquer avião comercial.
Teerão promete ainda assim fazer tudo o que puder para obrigar Israel a pagar pela ousadia.
“À grande nação iraniana! Esta manhã, ao amanhecer, o regime sionista lançou a sua mão vil e manchada de sangue no nosso amado país, revelando ainda mais a sua natureza perversa ao atacar zonas residenciais. O regime deve aguardar um castigo severo.”
O ataque ao programa nuclear iraniano estava em cima da mesa há pelo menos 10 anos. Israel quer manter-se a única potência nuclear no Médio Oriente.
O Irão pediu, entretanto, uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU.
Como o mundo reagiu a este ataque
Donald Trump diz que estão a ser preparados ataques ainda piores caso o Irão não aceite um acordo nuclear. Pela Europa, entre apoio ao ataque israelita, também há quem espere que seja possível impedir uma escalada maior através da diplomacia.
A Rússia diz que Israel levou a cabo um ataque cínico quando estavam para começar as negociações sobre a energia nuclear.
A Agência Internacional de Energia Atómica, que pertence às Nações Unidas, já recebeu detalhes sobre o estado das estruturas atingidas.
“As autoridades iranianas competentes confirmaram que o local de enriquecimento de Natanz foi afetado e que não existem níveis elevados de radiação. (...) Esta evolução é profundamente preocupante. Tenho afirmado repetidamente que as instalações nucleares nunca devem ser atacadas, independentemente do contexto ou das circunstâncias”, defendeu Rafael Grossi, diretor da agência.
O ataque e a incerteza quanto a respostas já tiveram consequências nos mercados e no preço do petróleo. Nas cotações de Londres, que afetam Portugal, estava a subir mais de 6% esta manhã.