O LiterÁREA - Festival de Turismo Literário, nasce com o objetivo de colocar o Alentejo e o Ribatejo no mapa do turismo literário. Para os dias 13, 14 e 15 de dezembro estão programadas 36 atividades em espaços como hotéis, galerias de arte, centros de interpretação ou auditórios, na duas regiões: Vila Viçosa, Montemor-o-Novo, Évora, Monforte, Sousel, Ponte de Sor, Galveia, Beja Santiago do Cacém e Sines (Alentejo), e Azinhaga e Santarém (Santarém).

“Ler para Comer”. Assim se chamam os workshops conduzidos por vários chefs ao longo do certame, que remetem para a inspiração da cozinha em diversas obras literárias que definem a essência do Alentejo e Ribatejo. Dia 14, o chef Pedro Mendes prepara pratos inspirados em livros no Octant Hotels, em Évora. O workshop requer inscrição prévia através deste link. No mesmo dia, mas no hotel Torre de Palma, a chef Márcia Dias conduz um workshop a partir de pratos referenciados em obras literárias, com destaque nas tradições e técnicas de confeção que enriquecem a identidade da região. A inscrição, gratuita, pode fazer-se aqui.

Antes, pelas 11h30, em Sousel, decorre um "Brunch Literário” com Afonso Cruz, para falar sobre como a evolução digital influencia a forma como se contam e escrevem histórias. Na Casa Branca, fala-se sobre o Vício dos Livros na companhia especial das booktokers Raquel Copeto, Beatriz Testa, Mariana Mousinho e Maria João Faria.

Caminhar pelas páginas de um livro
Integrados no programa da iniciativa estão também roteiros literários únicos, como os passos de José Régio em Portalegre ou as paisagens poéticas de Urbano Tavares Rodrigues em Moura. Além dos roteiros, workshops, conversas, exposições e cinema decorrem em diversos locais do Alentejo e Ribatejo.

Entre os convidados, encontram-se os escritores Ondjaki, Gonçalo M. Tavares, Dulce Maria Cardoso, Afonso Cruz, Rita Canas Mendes, Rafael Gallo, Margarida Vale de Gato e Jorge Reis-Sá, a jornalista e crítica literária Isabel Lucas, o ilustrador André Letria, o ator Albano Jerónimo e o cineasta Vicente Alves do Ó.

A 1.ª edição do LiterÁREA - Festival de Turismo Literário do Alentejo e Ribatejo, é organizada pela Entidade Regional de Turismo do Alentejo e Ribatejo.

Moura
Moura Expresso

"As pessoas não estão habituadas a olhar para o Alentejo e Ribatejo como destinos literários, mas queremos mostrar que vale a pena conhecer as regiões pelos seus livros, escritores, autores e poetas", afirmou à agência Lusa o presidente da Entidade Regional de Turismo do Alentejo e Ribatejo, José Manuel Santos. "Temos o objetivo de aliar à oferta turística elementos de valorização do território e a literatura nas duas regiões, que têm excelentes escritores, poetas e onde muitos romances e livros foram escritos" ou cujo tema é "sobre o Alentejo ou Ribatejo", sublinhou.

A iniciativa vai de encontro à procura pelo turismo literário, "não só de turistas portugueses, mas também de internacionais", com destaque para os que vêm do Brasil. Este tipo de turista, salienta, "procura muito, como meio de descoberta do Alentejo, o turismo literário e não é por acaso que também encontramos já vários hotéis que olham para a literatura como uma forma de criarem conteúdo e de atraírem turistas". "É a primeira edição do festival, mas espero que possa continuar nos próximos anos", acrescentou.

A abertura do festival, marcada para o dia 13 de dezembro, no renovado Cineteatro Florbela Espanca, em Vila Viçosa, vai incluir uma sessão de apresentação de todos os projetos literários do Alentejo e do Ribatejo.

100 oliveiras e uma herança literária na Azinhaga
José Saramago, o Nobel da Literatura português, nasceu na Azinhaga, localidade do concelho da Golegã, em 1922, onde foram plantadas 100 oliveiras, com nomes de personagens criadas pelo escritor, que ajudam a folhear a obra de Saramago. “Foi nestes lugares que vim ao mundo, foi daqui, quando ainda não tinha dois anos, que meus pais, migrantes empurrados pela necessidade, me levaram para Lisboa, para outros modos de sentir, pensar e viver, como se nascer eu onde nasci tivesse sido consequência de um equívoco do acaso, de uma casual distração do destino, que ainda estivesse nas suas mãos emendar (…) Só eu sabia, sem consciência de que o sabia, que nos ilegíveis fólios do destino e nos cegos meandros do acaso havia sido escrito que ainda teria de voltar à Azinhaga para acabar de nascer”, descrevia o escritor sobre a terra natal considerada, durante o Estado Novo, a “Aldeia Mais Portuguesa do Ribatejo”.

Para ajudar à descoberta foi criado o roteiro "José Saramago na Azinhaga", cuja principal atração é a delegação da Fundação José Saramago, onde, por curiosidade, se encontra exposta a cama onde dormiam os avós, e a que o escritor fez referência no discurso em que recebeu o Prémio Nobel. Atente na recriação da arca azul, onde os avós guardavam favas e que, relata o escritor na autobiografia, estava forrada com folhas do jornal “O Século”, que o autor considera como a primeira ligação com mundo das palavras. Fotografias de família e livros do autor em vários idiomas constituem o espólio desta delegação da fundação, que promove ateliês e workshops sobre a obra de Saramago. A entrada é gratuita.

Estátua de José Saramago na Azinhaga, terra natal do Nobel da Literatura
Estátua de José Saramago na Azinhaga, terra natal do Nobel da Literatura Junta de Freguesia de Azinhaga

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