Ao longo das últimas seis décadas, foi um dos bares mais emblemáticos de Lisboa. O Snob, localizado na porta verde do nº 178 da Rua de O Século, reabre a 16 de dezembro, com a intenção de continuar a oferecer à cidade um ambiente único e a partilhar o legado da sua história. Após uma cuidadosa renovação, que preserva a essência de cada detalhe, estão de regresso as tertúlias e as receitas que o tornaram incontornável ao longo de mais de meio século. O proprietário, Albino Oliveira, de 77 anos, decidiu afastar-se do projeto, passando o espaço agora a ser gerido Grupo São Bento, liderado de Miguel Garcia.

Snob
Snob Guilherme Ornelas

O Snob foi inaugurado a 16 de novembro de 1964 pelo desenhador do jornal O Século, Paulo Guilherme D'Eça Leal, mudando de mãos em 1967, quando Adriano Oliveira, irmão mais velho de Albino Oliveira, tomou conta da casa. Tornou-se rapidamente um refúgio de liberdade para intelectuais, jornalistas, artistas e políticos. A localização, no Bairro Alto, onde funcionavam muitas redações de jornais, tornou-o ponto preferencial de encontro de jornalistas, políticos e intelectuais. Foi frequentado por escritores como José Saramago e José Cardoso Pires, cineastas como João César Monteiro, músicos e atores como Carlos do Carmo e Simone de Oliveira, além de quase todos os presidentes da República e vários ministros.

Snob
Snob Guilherme Ornelas

A decoração, inspirada nos tradicionais bares ingleses, e a intimidade do ambiente à meia-luz, bem como a decoração com estantes de livros, candeeiros de latão e pequenas mesas de madeira, criaram o cenário perfeito para discussões e conversas noturnas que marcaram gerações. Várias decisões políticas foram ali tomadas, e muito dos meandros da democracia tiveram naquelas mesas o seu início, bem como muito se conspirou de copo na mão, na altura do Estado Novo.

Albino Oliveira
Albino Oliveira Guilherme Ornelas

Da história do Snob fazem obrigatoriamente parte Albino Oliveira, na sala e Dona Maria na cozinha. Conhecidos pela sua discrição e atenção aos detalhes, fizeram com que todos os frequentadores se sentissem em casa. Para Miguel Garcia, do Grupo São Bento, “O Snob é único e irrepetível.” Com um legado histórico que se cruza com a política e a cultura dos últimos 60 anos em Portugal, o Snob é mais do que um bar: foi uma agência de notícias informal, onde, a partir da mesa 10, se partilhavam novidades e discussões que moldaram a história recente do país. “Cada marca nas madeiras das suas cadeiras ou estantes é testemunho desse tempo e das inúmeras conversas que ali se cruzaram e que se manterão no futuro.”

Snob
Snob Guilherme Ornelas

Nesta nova fase, o Snob preserva o que tem de mais autêntico, enquanto renova os seus espaços para manter a essência. A decoração privilegiou o restauro, mantendo as vitrines de madeira originais e o uso de latão, material característico da antiga latoaria que ocupava o local. Os estofos foram renovados, mas recuperaram o couro verde-escuro que deu charme ao ambiente ao longo de décadas. As mesas, agora com tampos novos, ainda conservam os pés de madeira originais, cuidadosamente tratados para se manterem firmes durante os próximos 60 anos.

Na ementa, os “clássicos” continuam a sair da cozinha, para refeições que se podem prolongar até à 01h00 da manhã. Conte, neste regresso, com o “Bife à Snob” do lombo (€20) ou da vazia (€17), com os “Pregos” (a partir de €9) e o incontornáveis “Croquetes” (€4,5 por duas unidades). Quem preferir uma alternativa mais leve, pode optar pelo “Bacalhau à Brás” (€15), pelas “Omeletes” (a partir de €10,5) ou pelas “Gambas Al Ajillo” (€13). Nas sobremesas, reina a famosa “Mousse de Manga” (€5), com os seus três ingredientes secretos.

O menu de bebidas do Snob foi ampliado com o objetivo de oferecer uma experiência mais completa de coquetelaria. Com a colaboração do chefe de bar Manel Frazão, surge uma ampla seleção de whiskies, mais de 60 variedades, provenientes de diferentes partes do mundo. inclui ainda uma seleção de rum, gin, conhaque e outros destilados, prontos a dar origem a clássicos como o “Sazerac” (€10), “Clover Club” (€9), “Negroni” (€8), “Dry Martini” (€8) e o “Cosmopolitan” (€9), entre outros.

Snob
Snob Guilherme Ornelas

O Snob (Rua do Século, 178, Lisboa. Tel. 926459164) tem uma lotação de 40 lugares divididos por duas salas. Funciona todos os dias, das 19h00 às 2h00, encerrando a cozinha à 1h00.

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