As portas escuras abrem-se através de um mecanismo discreto que, depois de acionado, dá entrada num mundo à parte. Estamos em Árvore, localidade de Vila do Conde onde há mais de 25 anos vive o restaurante Romando, dedicado à cozinha portuguesa e primeiro do grupo que, atualmente, leva a cozinha japonesa a diversos espaços como o Romando Sushi café, no Centro de Vila do Conde, ou à Enoteca 17.56. A via nipónica inaugurou com a abertura do Romando Privé, no mesmo edifício da casa-mãe. Encerrado desde a pandemia, reabriu em abril passado totalmente renovado e com novo conceito, tanto na decoração como na cozinha. Se antes eram limitadas ao Japão as criações gastronómicas, agora é a China – mais particularmente os loucos anos 1930 em Xangai - o cenário escolhido para receber pratos oriundos de diversos países da Ásia. Um enorme dragão pendurado no teto, forrado a tassel, dá o mote ao ambiente intimista, dividido em vários ambientes e com cozinha aberta ao fundo.

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Dragão dourado
Aliás, o nome do novo espaço inspira-se na figura enigmática de Kokko, uma mulher que dominou o submundo da cidade com um clube clandestino, “transformando Xangai num cenário de glamour e prazer”, descreve o Grupo Romando em comunicado. É essa a imagem que transparece na decoração: no ambiente escuro e noturno, apenas alguns focos de luz fazem sobressair o mobiliário e grandes jarrões chineses, mas também a garrafeira, onde além de referências vínicas nacionais, com predominância de brancos e rosés, se destaca uma seleção de champanhes, entre os quais Dom Perignon, referência parceira da casa.

Este é, pois, um espaço votado aos prazeres da noite e da boa mesa, onde também a música marca presença com regularidade em DJ sets. Na decoração, recria-se o espírito excêntrico da era, onde se misturavam culturas, prazeres proibidos e uma gastronomia inovadora. A nova proposta, detalha o Grupo, “celebra o luxo, o mistério e a ousadia de uma época marcada pelo contraste cultural e pela intensidade dos encontros entre Ocidente e Oriente”. O proprietário Nelson Pena, sublinha a ideia de “maior profundidade gastronómica” em relação a outros projetos do grupo que, no Kokko, decidiu apostar em “alguma Ásia e menos Japão”, esclarece sobre o conceito que quer levar também para Lisboa: “queremos ir a jogo com um projeto com valor gastronómico”.

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Excentricidade, joias do mar e fusão cultural
A experiência inicia-se no bar, onde podem ser apreciados diversos cocktails de assinatura que podem, também, acompanhar toda a refeição. É o caso do “Just cal me Kokk” (€9), com Volcán, ananás das Caraíbas, erva-príncipe fresca e gengibre picante; “Once you choose me” (€12), combinação exótica inspirada na floresta indonésia, com Brugal, banana e pandan, ou “I know you know me” (€9), elaborado com Belvedere, maracujá, baunilha e cacau.

A ementa reflete uma ampla fusão na cozinha Pan-Asiática, fruto da influência das invasões japonesas nos anos dourados de Kokko a que se une o mar, elemento com ligação umbilical a Vila do Conde e está sempre presente em conchas e bivalves, trazendo a ideia de joias do mar à decoração, mobiliário e à mesa. Combinando sabores exóticos e técnicas tradicionais, há “Brioche de Hokkaido” para couvert, servido com manteiga com sal negro dos Himalaias, “Ostras com ponzu” (€4), que podem ser encimadas com caviar (€3), mantidas frescas numa enorme concha, e criações distintas como o “Granizado de robalo” (€14), ou os exclusivos “Ovos rotos de atum” (€22), além das icónicas “Torres de dim sum” (€8, por pessoa), com massa elaborada na casa e recheios de camarão e alho, vieiras e porco ou porco assado a baixa temperatura, num jogo de sabores e texturas. As conchas abrem-se também para receber sashimi, acompanhado de wasabi fresco e diversas opções de sushi, como “Ouriço, toro e caviar” (€20). Na robata preparam-se pratos como o “Robalo thai em folha de bananeira” (€26), servido com arroz, mas também há lugar para a carne, por exemplo, no “Tomahawk Angus” (€75). Nas sobremesas destacam-se naturalmente os sabores asiáticos em propostas suaves como o “Yuzo crocante” (€8), o tradicional “Sticky rice” (€10), o “Dragon matcha” (€9), ou o mais ocidental Kinder (€9).

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Apenas ao jantar, o Kokko (Rua N 2 222 r/c, Árvore. Tel. 912302220) está aberto diariamente das 20h00 à 1h00.

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