O "Penacova à Mesa", que vai decorrer a partir deste sábado e prolonga-se até dia 9 de março, procura celebrar os vários pratos ligados às tradições ribeirinhas deste concelho atravessado pelo Mondego, como os peixinhos do rio, o sável, mas também a lampreia.
O novo festival "é uma forma de marcar no calendário um evento gastronómico que já existia há muitos anos, normalmente dedicado só à lampreia, mas adaptado às atuais circunstâncias", explicou o presidente da Câmara Municipal de Penacova, Álvaro Coimbra, recordando a falta daquele peixe nos rios portugueses, em particular no Mondego, onde é tradicional a sua pesca e confeção. "Adaptámos aos novos tempos, com um evento com outro formato e alargado a outras iguarias relacionadas com o rio, como o sável e os peixinhos do rio", afirmou. Recorde-se que, já em 2024, a falta de lampreia e os preços do ciclóstomo obrigaram a autarquia a criar um evento alternativo de última hora.
Lampreia a “preços elevadíssimos”
Para Álvaro Coimbra, a continuação do Festival da Lampreia, que normalmente ocorria entre fevereiro e março, implicava "abundância e preços reduzidos", mas a realidade é outra. "Há restaurantes com lampreia, mas a preços elevadíssimos e só por reserva, condicionando a organização de um festival", explicou, vincando que a prioridade deste município do distrito de Coimbra passa pela preservação e recuperação daquela espécie.
Segundo o autarca, há vários restaurantes no concelho que já oferecem outros pratos de rio nas ementas, tendo o evento sido criado a dialogar com a restauração local. "Era necessário ocupar este espaço nesta altura com outro evento, também ele relacionado com as tradições e com a gastronomia local, o que foi feito com a concordância da maioria dos restaurantes", disse.
Além de Arroz de lampreia com grelos, os restaurantes aderentes ao festival “Penacova à Mesa” apresentam outras propostas como peixinhos do rio fritos ou em molho escabeche ou sável frito, num evento que pretende também dar a conhecer a doçaria tradicional da região, como os Pastéis de Lorvão ou as Nevadas.
Salvar a lampreia do Mondego
Foi apresentada esta quarta-feira, em Penacova, o projeto “Life4Lamprey”, uma iniciativa da Comunidade Intermunicipal da Região de Coimbra, com o apoio da autarquia, da Confraria da Lampreia e do MARE - Centro de Ciências do Mar. Com apoio de fundos europeus, o projeto aposta na translocação de centenas de lampreias para zonas "santuário" que garantam a sobrevivência da espécie. Pedro Raposo, diretor do MARE que apoia cientificamente o projeto, explicou que esta é uma técnica experimentada com sucesso noutros países.
“Temos a responsabilidade de lutar pela preservação da lampreia no rio Mondego”, alertou o presidente da Câmara de Penacova, explicando ainda que o “Life4Lamprey” é um projeto de “longo prazo que deve ser acompanhado por outras medidas como o combate à pesca ilegal, eliminação de barreiras artificiais e até interdição da pesca em determinados períodos”.