Varandinhas floridas dão encanto à fachada caiada de branco, com a pedra ocre e as típicas platibandas algarvias. À entrada aparece a figura de Baco, deus do vinho, ornamentando parte da parede original do edifício. Construída na segunda metade do século XIX pelo Dr. Pádua, que foi um “médico, mas também músico, maestro e presidente da câmara de Olhão”, esta casa funcionou como pensão até ficar ao abandono.
Quando Jacques e Walter a compraram, há cinco anos, estava sem teto e em “total ruína”. Avançaram com a reconstrução e restauro e, a 20 de março de 2024, abriram ao público a charmosa Casa Amor Boutique Hotel. Apaixonado pela hotelaria e restauração, este casal de franceses achou que faltava em Olhão uma boa unidade boutique. Aproveitavam a proximidade ao aeroporto, a centralidade na região e o fácil acesso às ilhas da ria Formosa. “A cidade é autêntica, não demasiado turística. Vê-se um equilíbrio e mistura entre turistas e residentes”, reflete Walter. Jacques acrescenta que em Olhão “há vida todo o ano”, não sofrendo tanto com a sazonalidade como outros destinos.
Fresca no verão e aquecida pela lareira no inverno, a sala de estar ou Sala de Inverno convida o hóspede a apreciar os arcos, abóbadas e colunas e a relaxar nos sofás, retirando um livro da biblioteca. Pode servir-se de uma bebida no honesty bar e distrair-se com os jogos de tabuleiro e o gira-discos. O enorme terço de madeira em destaque foi encontrado durante as obras e recuperado. Estaria na antiga capela privada.
A sala de pequenos-almoços ilumina-se com a luz natural que vem do pátio exterior, onde resiste uma oliveira centenária. Este é mais um refúgio para driblar o calor estival e o mobiliário de jardim Ópera de Fermob “é um aceno ao passado parisiense dos proprietários”. No rés do chão fica, ainda, uma coffee shop aberto a passantes, onde se vende pastelaria francesa e alguns snacks. Espreite a loja de produtos regionais, como conservas, vinhos e amenities de Castro Marim, e ao lado a pequena galeria de arte que servirá de montra para artistas locais, podendo também receber reuniões e seminários de empresas.
As dormidas e a açoteia
Nove dos dez quartos (desde €160) da Casa Amor ficam no primeiro piso. Airosos, luminosos e de tons leves, têm casa de banho, soalhos em pinho, interruptores de porcelana, alguns móveis restaurados e as “grandes portas de madeira típicas das casas burguesas”. Decoram-se com livros, litografias, aguarelas, mantas em burel da Serra da Estrela, e estão equipados com climatização, colunas Marshall, minibar, máquina de café, chaleira, toalhas de piscina e de praia, guarda-sol, roupões de banho. Atente às pequenas chaminés, aos copos do Festival do Marisco e aos produtos de banho naturais, à base de figos, amêndoas e funcho-do-mar, da marca portuguesa 8950. Foi escolhida pelos benefícios “para a pele e o ambiente”.
Apesar de mais pequenos, os quartos Standard oferecem as mesmas comodidades e serviços dos quartos Premium. Não há televisores, mas o wifi garante-se em todas as divisões. O décimo quarto, o Deluxe, localizado mais perto do céu, na açoteia ou de forma mais cosmopolita e turístico: rooftop. É o mais amplo e contempla um generoso terraço privado. Circule pela tradicional açoteia algarvia e descanse num recanto almofadado ou nas espreguiçadeiras. “Onde outrora secavam figos e polvos, as tijoleiras de Santa Catarina oferecem agora o prazer de se andar descalço”, incitam os responsáveis pela Casa Amor Boutique Hotel (Rua Dr. Pádua, 24 A, Olhão, Tel. 910669436).
Aumente o prazer refrescando-se na piscina de água salgada, mirando a cidade branca e o Cerro de São Miguel. Engalanada de buganvílias, a piscina é acessível a qualquer hora. Desde o miradouro observa-se o serpentear da ria Formosa, as ilhas-barreira e as estrelas ao luar.