Foi uma aliança à primeira vista. A Casa do Marquês, “ponta de lança” no sector do catering e eventos em Portugal, adquiriu o restaurante Epur, em Lisboa. A parceria com o chef Vincent Farges justifica-se com a “afinidade do restaurante com os valores da empresa”, caracterizados pelo “rigor, excelência e compromisso com a criação de experiências gastronómicas exclusivas”.
Para Miguel Seijo y Seijo, CEO da Casa do Marquês, a aquisição “representa um passo importante no fortalecimento da posição da Casa do Marquês no sector da gastronomia de luxo”, uma ideia reforçada por Florbela Bem, cofundadora e administradora, para quem “este passo reflete a ambição da Casa do Marquês em expandir o seu impacto no setor, investindo em parcerias estratégicas que valorizam o talento e o compromisso com a qualidade”.
O restaurante funcionará como “polo de inovação e criatividade”, do qual se possam absorver práticas e numa lógica de “cruzamento de equipas”. José Eduardo Sampaio, também cofundador e administrador, sublinha que o negócio “é um marco na história da empresa, consolidando a aposta crescente em projetos que combinam tradição e inovação para oferecer experiências gastronómicas de excelência”. Realça a importância do “cruzamento de saberes” numa empresa em evolução constante.
Reconhecendo que o restaurante Epur, localizado no Chiado e detentor de uma estrela Michelin desde 2019, já atingiu um nível “muito bom”, José Eduardo Sampaio garante que o investimento pretende ajudá-lo a “melhorar a resposta” sem beliscar a essência do restaurante, mas também sem esquecer os resultados financeiros. De 16 de fevereiro a 11 de março de 2025, o Epur fecha para renovações, sendo de esperar mudanças no mobiliário e uma intervenção para potenciar a vista para a Baixa de Lisboa e o rio Tejo.
Liberdade criativa
Satisfeito com a parceria, o chef Vincent Farges salienta que o Epur vai seguir “de mãos dadas” com a Casa do Marquês, mantendo a qualidade e melhorando alguns aspetos. Voar mais alto é um desejo de há muitos anos e a ambição de conquistar “a segunda estrela Michelin” é assumida por José Eduardo Sampaio, com o compromisso de “não tocar na cozinha”, ou seja, na liberdade do chef para escolher os produtos e criar.
No jantar de apresentação do negócio à imprensa, evidenciou-se a cozinha de estação de Vincent Farges, marcada também pelo primor dos molhos, combinações especiais, o sabor e frescura dos produtos, alguns apanhados pelo próprio na serra de Sintra. “Não sou muito artístico, mas tenho produto e sabor”, notou o chef. Até ao momento do pão, o palato foi estimulado com uma ostra, texturas de pastinaca, uma galette de aveia fermentada com tapenade de azeitonas e cogumelos e emulsão de musgo, um carpaccio de coração de atum com dashi e ainda grissini com muxama ralada e especiarias. Seguiram-se um tártaro de hamashi, cédrat com pesto de capuchinha, e o “Topinambur”, superiormente trabalhado em diferentes texturas, combinado com avelã torrada e emulsão de gerânio.
Duas das propostas mais interessantes foram a “Perdiz”, servida com foie gras, castanha e espuma de funcho selvagem, e ainda o rocaz, sobre uma base de tutano, cogumelos, amêijoas e feijão verde. A ligar, jus feito com as cabeças do pescado e a harmonia do vinho “Salino”, de Vila Nova de Milfontes. Com a “Black Angus” veio o aconchego de uma cozinha que aproveita ao máximo o produto. Serviu com um ravioli de Boletus, mão e língua de vitela, mais o complemento dos chips de tendão, do puré de chalotas e alho negro e do jus da carne. Para o fim ficaram as “Nozes, Yuzu verde, Folhas de nogueira” e o “Ananás” com gelado de amendoim, combava e vagem de baunilha.
Com 34 lugares (oito na sala privada), o restaurante Epur (Largo da Academia Nacional das Belas Artes, 14, Lisboa. Tel. 213460519) serve, exclusivamente ao jantar, dois menus de degustação, o “Inspirações” (€ 120) e o “Epurismo” (€150).