Há mais de 30 anos em Paço de Arcos, a Casa Galega é o projeto de vida do casal Marina Alonso e Fernando Matos: ela na cozinha e ele na sala, cargos que ocupam também na nova morada, a escassos metros da antiga localização. Os fundadores deste restaurante, que abriu portas em 1992, aproveitaram o encerramento forçado devido à pandemia para se mudarem, de tachos e receitas, para a central rua Serpa Pinto, onde, além de uma nova casa, ainda ganharam espaço para uma pequena esplanada. “No espaço novo, totalmente remodelado, damos ao cliente o que procura: bom atendimento, simpatia, conforto e, essencialmente, boa comida porque a nossa matéria-prima é sempre de primeira”, garante Marina.

Paella na Casa da Galega
Paella na Casa da Galega Expresso

Toda a decoração foi idealizada pelo casal. As paredes e a gaiola pombalina ficaram à vista, as mesas foram encomendadas em Paços de Ferreira e a louça é da Vista Alegre. Chegados a Paço de Arcos, vindos da avenida Marginal, não há que enganar, até encontrar esta bonita casa revestida a azulejos, esplanada e a iluminação da sigla “CG”, que salta à vista. À entrada do restaurante, do lado oposto à principal sala de refeições, destaca-se um bar, com balcão e algumas mesas para uma refeição mais informal, com o presunto Maldonado de Porco Preto 100% ibérico e a dupla de caviares, bem como a coleção de champanhes. Chama ainda a atenção, uma garrafeira dedicada aos Carcavelos – Villa Oeiras, onde não fosse este um produto desta região às portas de Lisboa.

Casa Galega
Casa Galega GUILHERME RODRIGUES

Caviar, presunto e vinhos ímpares
Para o lado oposto, os olhos param, obrigatoriamente, na reluzente banca de peixe e marisco e na bem recheada garrafeira, onde brilham vinhos premium, nacionais e internacionais, como Petrvs, Mouton Rotschild ou Romanée Conti verdadeiros símbolos do estatuto e fama deste restaurante. Já acomodado na sala principal – existe outra mais recatada -, à mesa do comensal chegam presunto de bolota e paté de sapateira. Seguem-se vários pratos que fazem sucesso desde sempre: a “Sopa de peixe com lagosta” (€32), o “Arroz de lavagante”, que maior fama ganhou recentemente devido ao presidente da autarquia, Isaltino Morais, e a “Paella valenciana de marisco” (€34), outros dos pratos bandeira do restaurante servido por encomenda para um mínimo de quatro pessoas.

Como prova do ADN espanhol que fervilha na cozinha, referência para ainda para o obrigatório “Polvo à galega” (€19) e para pratos como pescada ou cherne fritos “à basca”, “Tortilha” (€15), “Ovos rotos” (€19) e “lavagante frito à Rias Baixas”. A lista de entradas e de principais é extensa e, ao sabor dos meses, recebe adições que levam à Casa Galega apreciadores dos mais diversos pratos, como as angulas ou lampreia. Juntam-se os mariscos do dia servidos a peso, entre percebes, ostras, camarão, santola, lagosta e lavagante. Serve-se, igualmente, uma parrillada ao gosto de cada cliente.

Bitoque de lagosta na Casa Galega
Bitoque de lagosta na Casa Galega Expresso

Bitoque de lagosta
A somar a esta lista imensa de opções, Marina Alonso gosta de pesquisar e fazer experiências. Recentemente criou outro êxito, “um prato pioneiro na gastronomia em Portugal, o nosso bitoque de lagosta” (€29/€48), que chega à mesa com ovo estrelado e batatas fritas. É o gosto da proprietária pela cozinha que serve de ponto de partida para a história da Casa Galega. Marina fazia bolos e pensava em ter um pronto a comer quando os foi vender à cervejaria que pertencia ao agora marido. Foi então que tudo começou. Apaixonaram-se e casaram.

O pai de Marina, António Martinez, de origem galega, também tinha um restaurante, que vendeu quando a filha se casou e deu um impulso ao negócio do casal. Algumas receitas do pai, como o pulpo (polvo), permanecem na ementa desde o início, em 1992. Também a mãe “era uma ótima cozinheira”.

Damos ao cliente o que procura: bom atendimento, simpatia, conforto, e, essencialmente, boa comida

Montra de peixes e mariscos na Casa Galega
Montra de peixes e mariscos na Casa Galega Expresso

Na cozinha, Marina tem em Arlinda Sanches, de origem cabo-verdiana, o “braço direito há 15 anos”. O talento de Marina Alonso é amplamente reconhecido e leva os clientes a fazer pedidos de pratos fora da ementa, como cabrito assado ou pato com laranja. Muito forte no serviço de take-away, a paella é um dos pratos mais requisitados.

Mas, quem prova o “Rabo de touro estufado” (€24) da Casa Galega e a “Perdiz estufada em vinagre e vinho de Oeiras” (€28) elogia muito e não esquece. Paulo Martins, chefe de sala há mais de 20 anos, recebe e aconselha, além de ser o responsável pelas propostas da carta de vinhos. “Fazer sempre mais para conseguirmos que o cliente saia satisfeito: é esse o nosso lema”, sublinha Marina Alonso, recordando que o restaurante dispõe de estacionamento privativo, a poucos metros da porta.

Casa Galega, em 2012, ainda na morada original
Casa Galega, em 2012, ainda na morada original Nuno Fox

Garfo de Ouro em 2009
Recorde-se que ainda instalado na antiga morada, a Casa Galega foi premiada com um Garfo de Ouro do Guia Boa Cama Boa Mesa 2009. Em 2022 foi um espaço selecionado para o guia “20 restaurantes que não passam de moda”, oferecido pelo Expresso no âmbito dos 20 anos da marca Boa Cama Boa Mesa. Na edição deste ano do Guia Boa Cama Boa Mesa, pode ler-se sobre o restaurante Casa Galega (Rua Costa Pinto, 128, Paço de Arcos. Tel. 214432400): “Este clássico de Paço de Arcos mantém a qualidade do produto e da confeção, nomeadamente nos pratos de peixe e marisco, à vista na banca, a que se junta uma garrafeira ímpar. Sucessos de sempre, do “Polvo à galega” e da “Sopa de peixe com lagosta” ao “Arroz de lavagante” e à “Paelha valenciana de marisco”, convivem com novidades de sucesso, como o “Bitoque de lagosta”. “Rabo de touro estufado” e “Perdiz desfiada” são alternativas.”

Casa Galega em 2001
Casa Galega em 2001 José Pedro Tomaz

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