Repletos de história, símbolos de ostentação palaciana ou fortes defesas na conquista de Portugal, a região Norte do país preserva muitos edifícios que se misturam com a identidade nacional e outros que, de tão opulentos, fazem a mente viajar por cenários encantados, dignos de um filme de animação. Conheça estes 10 fortes, castelos e palácios que integram a coleção “Portugal Autêntico”, editada pelo Expresso.

Compre aqui a coleção “Portugal Autêntico” composta por três volumes (Norte; Centro; e Sul e Ilhas). Em cada um destes três volumes pode encontrar 100 locais, propostas e experiências para partir à descoberta do país genuíno

CONTO DE FADAS

Palácio da Brejoeira – Monção
Palácio da Brejoeira – Monção Expresso

Palácio da Brejoeira (Monção)

Mandado erigir em 1806 por Luís Pereira Velho de Moscoso, fidalgo de Monção, o edifício, em estilo neoclássico, demorou 28 anos a construir e foi terminado pelo filho, Simão, que não deixou descendência. Só no final do século XIX, com a construção da estrada nacional, o Palácio da Brejoeira (tel. 251666129) ganha a entrada atual. Adquirido por Pedro Araújo, diretor da Câmara de Comércio do Porto, em 1901, conhece nessa época as maiores transformações. Anos mais tarde, uma jovem apaixona-se pela exuberância do edifício, e, quando completa 18 anos, o pai oferece-lho. Hermínia Paes não só habitou esta imensa casa, rodeada de denso bosque, vinhas e jardins, como tomou as rédeas da propriedade e fez desta o berço de um emblemático vinho verde. A primeira colheita do Palácio da Brejoeira, da casta Alvarinho, data de 1976. O momento da prova é, aliás, um dos favoritos dos visitantes, “surpreendidos pela suavidade” do néctar, explica Angélica Teixeira, que aqui trabalha como guia desde 2010. Outro motivo de espanto é o teatrinho que existe no piso térreo. “Ninguém está à espera de encontrar algo assim tão longe das grandes cidades”, refere. Na Sala do Rei, atente ao retrato de D. João VI, que parece seguir-nos com o olhar... e com o pé. Aqui reuniram-se, em 1950, Salazar e Franco.

ENTRE O MAR E A GALIZA

Forte da Ínsua – Caminha
Forte da Ínsua – Caminha Expresso

Forte da Ínsua (Caminha)

Nem o facto de ser Monumento Nacional desde 1910 salvou o Forte da Ínsua de sucessivas décadas de degradação e abandono. A mística do passado foi recuperada em 2021 pela DiverMinho, que organiza um escape game. Ao longo de uma hora, os jogadores têm que resolver enigmas e vencer desafios para conseguir escapar do forte, e visitas guiadas, partindo de barco desde a foz do rio Minho até à Ínsua de Santo Isidro. Ocupada por uma comunidade franciscana na época medieval, altura em que construíram o Convento de Santa Maria da Ínsua, do qual já nada resta, a atual fortaleza data do século XVII, reinado de D. João IV, quando foi efetuada uma grande reforma dos fortes da costa portuguesa. Os monges ajudaram a construir a fortificação, mas abandonaram-na em 1834, com a extinção das ordens religiosas. O Forte da Ínsua ficou exclusivamente ocupado pelo Exército e o seu último governador foi nomeado em 1909. Avistada de uma boa parte da costa, entre a Praia de Moledo e Caminha, a Ínsua de Santo Isidro fica a 200 metros da costa, enquadrada pelo monte de Santa Tecla, em terras galegas. No interior do forte ali edificado há um poço de água doce situado no mar, um dos três únicos existentes no mundo, assim como “pinturas típicas da altura”, que podem ser observadas nas visitas.

CAUDA DE DRAGÃO

Castelo de Numão — Vila Nova de Foz Côa
Castelo de Numão — Vila Nova de Foz Côa Câmara Municipal de Vila Nova deFoz Côa

Castelo de Numão (Vila Nova de Foz Côa)

A panorâmica bucólica da aldeia, pertencente à freguesia de Freixo de Numão, contrasta com a história da fortificação, destruída e reconstruída inúmeras vezes desde que foi erguida, ainda antes da nacionalidade. “O 'canto do cisne' terá sido a partir de D. Duarte, quando começa a esmorecer”, esclarece Paulo Moutinho, funcionário municipal que esporadicamente, a partir do Museu da Casa Grande, a cerca de 10 km de distância, conduz visitas guiadas, previamente agendadas no Posto de Turismo de Foz Côa. Dotado de amplo perímetro muralhado, destaca-se pela “imponência do espaço no esporão rochoso, as diversas ruínas, entre pequenas habitações e templos, ainda visíveis no interior, e a sensação de calcorrear as ameias como a pisar uma cauda de dragão”, descreve sobre o Castelo de Numão, que chegou a ter 15 torres.

HISTÓRIA, ARTE E VINHO

Casa de Mateus
Casa de Mateus Associação de Turismo do Porto e Norte

Casa de Mateus (Vila Real)

De arquitetura barroca e inspiração italiana – a autoria é atribuída a Nicolau Nasoni –, a Casa de Mateus é um solar da primeira metade do século XVIII, classificado em 1910 como Monumento Nacional. Abriu ao público pela primeira vez em 1961, por iniciativa de D. Francisco Albuquerque, 6.º Conde de Vila Real, e cada recanto tem histórias para contar. Seja na casa principal do Palácio de Mateus, também assim denominado, onde convivem mobiliário de época, uma coleção de pintura e a edição ilustrada d’“Os Lusíadas”, editada em 1817, na capela, nos imponentes jardins históricos, no bosque e na horta biológica ou na adega, onde têm início as visitas guiadas. Ícone no Douro e na região, a Casa de Mateus é um importante centro cultural, com programa contínuo, graças à instituição da fundação com o mesmo nome, em 1970.

NASCIDO DAS ROCHAS

Castelo de Algoso – Vimioso
Castelo de Algoso – Vimioso Expresso

Castelo de Algoso (Vimioso)

Altivo, forte, teimosão e abraçado a lendas, o emblemático castelo localiza-se no topo de um rochedo, a partir do qual foi edificado. É, por tal, classificado como castelo roqueiro. Datado do século XII é uma das fortalezas medievais mais importantes do Leste transmontano e foi outrora utilizada como espaço de vigia e defesa do perigo vindo do reino de Leão. Hoje é um miradouro para as serras de Sanábria, de Bornes e de Nogueira. Antes de partir à conquista do castelo, que pode ser explorado livremente (exceto a torre de menagem, que só é visitada com guia), passe no centro de acolhimento, no largo do pelourinho da aldeia. Aqui exibem-se vestígios como moldes de fundição de machados de bronze e cerâmica dos períodos calcolítico, proto-histórico e romano. Escute a lenda da donzela que aparece nas noites de São João. Em redor do grande penhasco encontra percursos pedestres assinalados, que conduzem ao castelo, à ponte e calçada medievais e à aldeia de Algoso.

SEGREDOS DA BURGUESIA

Palácio da Bolsa – Porto
Palácio da Bolsa – Porto Daniel Rodrigues

Palácio da Bolsa (Porto)

Monumento Nacional, classificado como Património Mundial pela UNESCO, o Palácio da Bolsa, ou Palácio da Associação Comercial do Porto, é um dos mais emblemáticos edifícios da cidade. Começou a ser construído em 1842, com as obras a estenderam-se ao longo de cerca de 70 anos, erguendo-se com apontamentos de vários estilos arquitetónicos. A fachada, de linhas neoclássicas, contrasta com o interior, de gosto eclético, onde se realçam a escadaria em granito, os frescos da abóbada, a cúpula de vidro, os bustos de mármore e bronze e o impressionante Salão Árabe. Este último terá sido inspirado no Palácio de Alhambra, em Granada, e salienta-se pelas paredes e tetos preenchidos com arabescos de ouro e pelos estuques do século XIX legendados a ouro com carateres arábicos. É um dos pontos altos das visitas guiadas, que podem incluir passagem pelo gabinete de Gustave Eiffel, autor da Ponte D. Maria Pia.

FORTALEZA DA DISNEY

Castelo de Penedono – Penedono
Castelo de Penedono – Penedono Expresso

Castelo de Penedono (Penedono)

É como entrar numa história encantada de Walt Disney. Pela configuração, as crianças, “sobretudo as meninas”, associam o Castelo de Penedono aos contos de fadas, garante Maria José Neto, técnica de turismo da autarquia. Já os adultos sublinham a “vista fabulosa, capaz de alcançar, em dias limpos, as serras da Estrela e do Marão ou Espanha”, descreve. “Diferente de todos os castelos portugueses”, o edifício, cujas primeiras referências datam do século X, mas com vestígios de construções árabes anteriores, equilibra-se sobre um morro e é de planta hexagonal irregular, formada por três paredes grossas. Também conhecido como Castelo do Magriço, aqui terá nascido Álvaro Gonçalves Coutinho, o Magriço, um dos Doze de Inglaterra glorificado e eternizado por Camões n' “Os Lusíadas”. Monumento Nacional de visita livre, aconselha-se paragem prévia na loja do turismo.

VIAGEM MEDIEVAL

Castelo de Santa Maria da Feira – Santa Maria da Feira
Castelo de Santa Maria da Feira – Santa Maria da Feira Expresso

Castelo de Santa Maria da Feira (Santa Maria da Feira)

Joia da arquitetura militar portuguesa rodeada por seculares jardins e bosques, o Castelo de Santa Maria da Feira (tel. 256372248), erguido durante a fase da Reconquista, no século X, em torno do qual se desenvolveu a outrora vila da Feira, continua vivo. Anualmente é palco de celebrações, que lhe devolvem brilho e animação. Em agosto toda a cidade gravita à sua volta durante a Viagem Medieval e no Natal torna-se palco encantado para os mais novos durante o Perlim. Em ambiente noturno e misterioso, a Noite das Bruxas reveste-se de medos e assombrações. Com quatro bicos, imitando as torres do castelo, a “Fogaça” é símbolo gastronómico da cidade. Na Confeitaria Castelo ainda é cozida em forno a lenha, que não pára nas imediações da Festa das Fogaceiras: quase tão antiga como o castelo, a tradição celebra-se a 20 de janeiro e renova, há mais de 500 anos, um voto ao mártir S. Sebastião em troca de proteção contra a peste.

BERÇO DA NAÇÃO

Paço dos Duques e Castelo – Guimarães
Paço dos Duques e Castelo – Guimarães Associação de Turismo do Porto e Norte

Paço dos Duques e Castelo de Guimarães (Guimarães)

Visitar Guimarães é mergulhar na História de Portugal, com paragem obrigatória no Castelo e no Paço dos Duques, classificados como Monumentos Nacionais e que ficam a uma curta distância do Parque do Monte Latito, onde está também a Igreja de São Miguel. O Paço dos Duques é hoje museu de arte decorativa e residência oficial do Presidente da República na região Norte. “No percurso interpretativo podemos ver a formação de Portugal, as primeiras dinastias e também uma parte muito interessante sobre a expansão urbana de Guimarães”, assinala António José Oliveira, vimaranense e historiador de arte. O Paço dos Duques está parcialmente encerrado para restauro, mas ainda pode ser visitado. Adquira o bilhete conjunto, visite a sala de banquetes, com o teto em forma de barco invertido, conte as 39 lareiras e explore as muralhas do castelo, que será, para sempre, berço da nação.

GERÊS À VISTA

Castelo de Lindoso – Ponte da Barca
Castelo de Lindoso – Ponte da Barca luisgeres

Castelo de Lindoso (Ponte da Barca)

O Castelo medieval de Lindoso é uma das imagens de marca da aldeia que lhe dá nome, no concelho de Ponte da Barca. Foi construído na margem esquerda do rio Lima no reinado de D. Afonso III, século XIII. Entrou em processo de ruína após ter perdido a sua função defensiva, mas a classificação, em 1910, como Monumento Nacional valeu-lhe alguns esforços acrescidos de preservação. Hoje, o castelo funciona como um prolongamento da Porta do Lindoso, uma das cinco do Parque Nacional da Peneda-Gerês, e acolhe o Núcleo Museológico da Torre de Menagem, inserido na Rede Interpretativa do Património do concelho de Ponte da Barca. Por lá é possível observar uma mostra sobre a ocupação humana do território de Lindoso, desde o Neolítico até aos nossos dias. A construção destaca-se na paisagem e o posicionamento permite observá-la em panorâmica: do topo da fortaleza avista-se o também representativo conjunto de espigueiros em pedra que serviam para armazenar os cereais dos moradores, outro dos emblemas maiores da aldeia.

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