“Nenhum português é menos português por ter nascido em Lisboa ou numa pequena aldeia no distrito de Portalegre (…) os grandes partidos colocam interesses próprios à frente dos interesses dos portugueses, ao entenderem que há votos de primeira e votos de segunda, sendo os de segunda aqueles que neles

não depositam a confiança de que se acham merecedores”

Uma sociedade verdadeiramente livre é uma sociedade que deposita nos cidadãos a força que a move.

Enquanto liberal, vejo como essencial e indispensável que o sistema eleitoral permita a todos (e destaco a palavra todos) os cidadãos expressarem a sua vontade e contribuírem de facto para a aritmética parlamentar saída do resultado da eleição.

Empoderar o cidadão como elemento central de uma democracia liberal depende da força que lhe é depositada especialmente nos momentos mais importantes de decisão. É certo que o ato de votar não é o único momento em que o cidadão comum se deve manter desperto e responsável e participativo na vida pública, mas de igual forma certo é que o voto representa um dos momentos em que o cidadão mais responsável se torna por decidir.

O sistema eleitoral português erra ao deixar de fora uma quantidade absurda de votos que não se traduzem na eleição de deputados. Nas legislativas de 2024, mais de 770 mil votos não elegeram qualquer deputado. Se contássemos este número de votos como resultado percentual, representaria 12% dos votos (mais do que muitos partidos alcançam).

A Iniciativa Liberal volta, no programa eleitoral para as legislativas de 2025, a insistir na proposta de criação de um círculo nacional de compensação, posicionando-se como força política focada no empoderamento do cidadão e preocupada em garantir a igualdade de direitos entre todos os portugueses.

Nenhum português é menos português por ter nascido em Lisboa ou numa pequena aldeia no distrito de Portalegre. A criação de um círculo nacional de compensação garante que todos os votos têm o mesmo peso, que não há portugueses de primeira e de segunda, muito menos de terceira.

Este é um modelo que garante igual valor para todos os votos, em qualquer distrito, maior pluralidade política no parlamento e redução do desperdício de votos, que muitas vezes incentiva ao voto útil ou até mesmo à abstenção.

Muitos portugueses deparam-se hoje com uma situação em que refletem sobre o valor do seu voto, e concluem que é mais provável contribuir para o resultado real de uma eleição, de forma prática, votando num dos grandes partidos e depositando o seu voto num candidato que possa realmente vir a ser eleito deputado. De certa forma, ao não colocar ao dispor do cidadão mecanismos para se fazer ouvir, restringimos a sua liberdade no ato de votar. O modelo atual do sistema eleitoral português restringe, ainda que indiretamente, a liberdade no indivíduo.

Os grandes partidos colocam interesses próprios à frente dos interesses dos portugueses, ao entenderem que há votos de primeira e votos de segunda, sendo os de segunda aqueles que neles não depositam a confiança de que se acham merecedores, contribuindo para perpetuar um sistema eleitoral desigual e injusto que nada mais faz do que cimentar desigualdades regionais.

Por outro lado, a Iniciativa Liberal é, mais uma vez, diferente dos restantes, tal como o foi no passado ao votar no sentido de impedir que o país caísse novamente numa crise política e que os portugueses fossem novamente chamados a votar. Com esta medida, a Iniciativa Liberal pretende aumentar a participação democrática, garantindo que votar seja simples, livre e verdadeiramente acessível a todos os cidadãos, em qualquer parte do país.

Se o voto é uma das maiores armas da democracia, porque continuamos a aceitar que ela dispare para o lado errado?