Neste sábado, o Ministério das Infraestruturas e Habitação assegurou que não havia “nenhum contentor com destino a Israel” e que não impediria o navio de atracar no porto de Lisboa, com base nas informações recebidas através do manifesto de carga e das declarações do armador e de outras autoridades.

De acordo com o Governo, a embarcação solicitou autorização para desembarcar em Lisboa, para descarregar 144 contentores, contendo itens como automóveis, roupas, alimentos, sementes, móveis, cerâmicas, copos de vidro, champôs, sabonetes, quadros e pinturas, aparelhos elétricos, cabos de fibra ótica e diversos metais, incluindo lingotes de cobre, granalha de ferro e ligas de cobre-zinco.

O Executivo informou que, em resposta a um pedido de esclarecimento, foi novamente confirmado que o navio não transportava carga militar, armas ou explosivos. Entre os itens que não seriam descarregados em Portugal, estavam “três contentores com componentes de aeronaves (peças de asas) destinados aos EUA”.

O Presidente da República também mencionou que conversou com o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, que lhe assegurou que não existiria nada relacionado com armamento a bordo do navio. “O que se passa é que foi pesquisado tudo em pormenor e não se encontrou nada relacionado com armamento naquilo que foi descarregado em Lisboa, não houve carregamento”, disse o Presidente.

A polémica continua

Embora não transporte armas, o navio seguia ao encontro de uma outra embarcação da Maersk, empresa dinamarquesa proibida pelo governo espanhol por envolvimento no envio de armas para Israel.

Segundo o Comité Nacional Palestiniano BDS (Boicote, Desinvestimento, Sanções), o navio esteve envolvido, por vários meses, em mais de 400 transportes ilegais de armas para Israel, originárias dos Estados Unidos, utilizando o porto espanhol de Algeciras.

Tendo em conta estas informações, para o Bloco de Esquerda, a preocupação vai além das armas; o partido teme que Portugal possa ter servido como “plataforma para o genocídio em Gaza.”