
No início deste ano, uma escola no País de Gales deu que falar depois de implementar uma medida polémica: educadores e professores não realizam trocas de fraldas, sendo que quando estas são necessárias ligam à família para se deslocaram ao estabelecimento de ensino para o fazer.
Mas parece que o mesmo acontece em Espanha (e não só). Nas redes sociais, uma mulher - que tem mais de 21 mil seguidores - publicou um vídeo com aquilo que diz ser um "choque cultural" e obteve quatro milhões de visualizações. "Bom dia, estou a ir para a escola da minha filha, trocar a fralda dela, estando grávida de oito meses(...) Não passa de um choque cultural. Aqui, em Espanha, é normal. Na verdade, tem todo um contexto e eu vou explicar", começou por dizer Mariany Chrystina, enquanto caminhava até à escola da filha, Alice, de três anos.
"Aqui, se o teu filho ainda usa fralda e está na idade escolar, a partir dos três anos, primeiramente, ele não será aceite em nenhuma escola. Se, por um acaso, como aconteceu comigo, consegues matricular o teu filho mesmo usando fralda, é da tua responsabilidade ir à escola fazer essa troca", explicou, referindo ainda as diferenças entre Espanha e Brasil, uma vez que é brasileira. O vídeo, partilhado no dia 20 de março, gerou várias reações, sendo a questão mais colocada a seguinte: "Não é mais fácil ensinar a deixar a fralda?"
E há também quem mencione Portugal: "A minha tem três anos, está no infantário, ainda usam fralda e as funcionárias mudam", escreveu uma portuguesa. "Pressionar a criança a desfraldar, em Portugal é igual", disse outra. "Não é só no Brasil, em Portugal as crianças com dois anos e meio já não usam fralda durante o dia", afirmou uma terceira.
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Mariany - que tem uma agência de marketing com o marido e trabalha como influencer - mudou-se para Espanha há oito meses e vive atualmente em Simancas, Valladolid. "Ressalto que a guardería (creche) ajuda muito no desfralde, incentivando para que as crianças já cheguem à fase escolar sem fraldas. As escolas em Espanha não aceitam crianças que ainda usam fraldas e, quando há exceções, como foi o meu caso, os pais são obrigados a ir até a escola para trocar fraldas de cocó", revelou num outro vídeo.
"Considero uma opção válida, mas obviamente não é para todas as famílias"
A escritora e terapeuta ocupacional brasileira Silvia Ueno, cuja conta de Instagram 'Fada do Cocó' tem 257 mil seguidores, criou uma publicação com a sua opinião: "Naquele contexto, naquela cultura, isso é super possível e incentivado. As escola ficam próximas ao trabalho dos pais, as empresas permitem a saída dos funcionários, as escolas são instituições, exclusivamente de ensino", escreveu.
"A minha opinião sobre isso é polémica: sim, eu concordo que os pais poderiam ir fazer a troca/higiene. Inclusive, muito melhor do que a escola promover desfralde coletivo e precoce. Eu realmente considero uma opção válida, mas obviamente não é para todas as famílias. A meu ver: se os pais têm como ir fazer a troca de fralda das crianças na creche/escola, ótimo. Não tem como [fazer a troca de fralda]? As funcionárias da instituição ficam encarregadas das trocas", acrescentou.