
Cinco anos depois de Bem Me Quer, o ator está de volta às novelas da TVI e integra o elenco de A Protegida, na pele de Manuel. Em declarações exclusivas à TV 7 Dias, levanta um pouco o véu sobre esta personagem. “Não pertenço ao grupo dos bonzinhos. Ele é um rapaz que faz algumas falcatruas, vive de trabalhos temporários, mas é uma personagem completamente diferente do Ricardo de Senhora do Mar. O Manuel não é só agressivo, ele é possessivo, é ciumento, ele não consegue controlar as suas próprias emoções e não quer saber de quem está ao lado. É uma pessoa negra, mas é claramente um sobrevivente, que não teve as bases certas e não conseguiu escolher o melhor caminho”, revela, acrescentando que “é uma pessoa que não tem amor pelo próximo, não tem amor por ninguém, a não ser por ele. A relação com a namorada é obsessiva, mas aquilo acaba por ser uma relação que ele alimenta para se sentir mais vivo e mais humano. Há muitos maus nesta novela, mas eu sinto que abordo um tema difícil de digerir para mim e para as pessoas que vão ver, porque veem um agressor e uma vítima. Logo aí, eu acho que não sei o que esperar das reações das pessoas. As cenas de violência são duras”.
Sobre o seu regresso à TVI, depois de vários projetos na SIC, o ator revela tudo. “Quando as propostas me aparecem, eu analiso as personagens e se faz ou não sentido fazer. Eu sou feliz em todo o lado e sou feliz a trabalhar. Nós somos atores e por respeito à profissão devemos trabalhar onde nos sentimos mais confortáveis, conforme a personagem e a proposta que nos fazem. E aqui houve isso, ou seja, trabalho num lado negro que eu gosto de explorar, ou num lado mais maléfico, mais do bairro também, que eu gosto de trabalhar. Mas se fosse, por exemplo, uma proposta igual, ou algo que eu já teria feito anteriormente, já não fazia tanto sentido”, conta, acrescentando que tem “boas relações nos dois lados. Mas adoro que sintam também esse carinho por mim. Sintam que eu sou uma aposta, e uma aposta ganha para este projeto, neste caso”.
Parte da história de A Protegida passa-se fora de Lisboa. Duarte Gomes assume que adora gravar fora. “É a dualidade entre não estar com a minha família, mas também adoro gravar exteriores, e então se for fora de Lisboa é muito bom. Adoro conhecer o País e adoro tudo o que ele tem para oferecer.” No entanto, as saudades de casa apertam. “Estive agora uns dias sem a minha filha, mas à medida que ela vai crescendo também começa a ser um pouco mais fácil. Mas, por exemplo, quando estava a vir para aqui, ela não queria que eu fosse embora e queria que eu ficasse a brincar com ela. E disse-lhe ‘o papá vai brincar cinco minutos, mas o papá vai ter de ir’. Portanto, vai custar sempre. É muito difícil olhar para aqueles olhos e eles dizerem ‘não vás’ e tu saberes que tens de ir. Dói muito”, partilha.
“Acabamos por nos completar”
A logística familiar com a filha, Amélia, de dois anos, está agora mais facilitada, pois a mulher, a atriz Filipa Nascimento, já terminou as filmagens da novela A Promessa e tem mais tempo. “Facilita um pouco, claro, mas não é complicado conciliar porque nós conseguimos atinar os dois e não somos uns pais de pedir muita ajuda, por não termos essa necessidade. A Filipa tem um grande rigor com os horários. E não gosta que a filha esteja mais do que umas seis horas na escola. Não quer que ela chegue atrasada aos sítios quando ela tem uma aula, apesar de ela ser muito pequenina. E eu sou mais descontraído”, garante, revelando ainda que “à partida, os filhos servem para unir, mas na realidade às vezes não acontece isso. Mas no nosso caso em específico, estamos numa grande união porque estamos muito próximos um do outro, porque queremos os dois o melhor para ela e o caminho que estamos a escolher para ela tem sido sempre juntos, temos os dois os mesmos interesses, as mesmas opiniões. Temos conversado muito sobre isso e temos chegado a acordo. Acho que temos um bom equilíbrio, porque ela também é muito brincalhona ao mesmo tempo e também é bom ter uma pessoa que também se organiza, porque senão, se calhar, o jantar ao invés de ser às sete e meia era às nove. E não pode ser, porque às nove ela tem de descansar. É muito importante esse equilíbrio e, felizmente, ali existe. Acabamos por nos completar”. E será que pretende aumentar a família? O ator deixa em aberto. “Para já, não pensamos nisso, mas nunca se sabe. O primeiro filho também não tínhamos essa ideia e ela está cá.”
Questionado se a pequena Amélia é mais parecida com a mãe ou com o pai, Duarte Gomes hesita na resposta. “É difícil responder. Consigo ver semelhanças com os dois e quando ela nasceu toda a gente dizia que era igual a mim. Mas eu quando olho para a Amélia é impossível não ver a Filipa”, afirma.
Texto: Neuza Silva (neuza.silva@impala.pt) Fotos: Divulgação SIC e TVI, Nuno Moreira e Reprodução Instagram