
O João Baptista, produtor da Kilt e carinhosamente conhecido como “Velha” no universo de Falsos Lentos — graças à voz frágil, mas doce, com que participa nos episódios — é o responsável pela impressionante viagem de 500 portugueses até Jerez de los Caballeros. Mas, segundo o próprio, “a história não tem sido bem contada”, e há detalhes que quer esclarecer.
Tudo começou quando, numa semana, o João faltou ao episódio para ir jantar com os tios que vinham de Jerez. Como tinha quem o substituísse, achou que estava tudo tranquilo. No entanto, na semana seguinte, a meio do direto, o Diogo Batáguas perguntou-lhe onde tinha estado. João hesitou, admitindo: “Eu não queria dizer porque eu não gosto de expor a minha família.” Acabou por contar, e a resposta foi imediata: “Isso não é uma terra real. Isso é hilariante.” O que ficou por esclarecer, e que João agora faz questão de reforçar, é que o jantar foi em Lisboa — e não em Jerez.
Na semana seguinte, o Batáguas levou uma camisola para cada elemento do podcast, do clube que, a partir daquele momento, passariam a apoiar. João sublinha: “Mas não esperávamos que isto escalasse.”
Em conversa com o Gustavo Carvalho, o João recorda o ambiente da partida. Ao chegar ao Oriente, sentiu-se tranquilo com a calma dos adeptos. O verdadeiro impacto só se revelou em Sete Rios, onde encontraram bandeiras, tochas, tambores… tudo a que tinham direito. “No Oriente estavam os normais, em Sete Rios [estavam] os malucos”, resume.
O projeto, que viria a ser batizado pelo Manel Cardoso como Extrema Dura, teve muito mais impacto do que João esperava. “Eu vim no autocarro a pensar ‘isto não vai aparecer ninguém’”, confessa. Gustavo, por sua vez, diz que tinha mais confiança no sucesso da coisa do que o próprio produtor.
Já em modo memória viva, João vai contando algumas das peripécias que marcaram a viagem. Só quando chegaram a Jerez teve a verdadeira noção da dimensão do que estavam a viver. “Mandei logo aquela lágrimazinha estratégica”, admite. O entusiasmo do público, os inúmeros convites para partilhar piqueniques e a hospitalidade marcaram todos, inclusive o momento da chegada do Batáguas, que foi recebido como uma estrela.
Entre os momentos mais caricatos, o João destaca o rapto dos tios de Jerez, para enfrentarem o Batáguas numa corrida improvisada — mais uma história para o arquivo de absurdos deliciosos que alimenta o podcast.
Apesar do jogo ter terminado empatado a zeros, a festa na bancada foi inesquecível. E como bem resumiu o goleador da equipa, citado por Gustavo: “Fizeram-nos sentir jogadores de categoria.” Talvez esse seja mesmo o melhor retrato do que se viveu naquele sábado!