
A Associação Portuguesa de Realizadores (APR) revelou, esta quarta-feira, ao Notícias ao Minuto, que convocou uma "reunião extraordinária" depois de ter conhecimento que o "sócio" Ico Costa estava a ser acusado de ser "agressor de uma série de mulheres".
"Dada a gravidade das acusações, convocámos todos os associados da APR para uma reunião extraordinária, que possa gerar e ampliar uma reflexão séria e colectiva", realçaram, sem revelar, contudo, a data do encontro.
Ao Notícias ao Minuto a APR garantiu ainda que "não foi contactada diretamente pela denunciante". No entanto, admite que soube "da existência de um e-mail relatando agressões verbais, físicas e psicológicas por parte" de Ico Costa, e-mail este que "foi recebido por vários associados e publicado ontem [terça-feira] nas redes sociais".
Em reação às acusações feitas ao "sócio", a APR diz apenas que se opõe "categoricamente a qualquer forma de abuso, assédio, e violência", afiançando que está "sempre solidária com as vítimas".
"Esperamos que as denúncias possam ser apreciadas pelas entidades competentes", concluem em resposta às perguntas feitas pelo Notícias ao Minuto.
Recorde-se o realizador Ico Costa foi acusado, numa carta aberta assinada Joana Sousa Silva, que se identifica como ilustradora e ex-estudante de cinema, de 28 anos, de várias agressões.
A jovem, que garantiu conhecer vários casos de mulheres agredidas por Ico Costa, afirma ter sido insultada e atacada pelo realizador "com bofetadas", um murro "na barriga" e puxões de cabelo.
"Pessoalmente, vivi um envolvimento com Ico Costa durante seis meses, há cerca de quatro anos. Fui traída, ofendida, chamada de 'p***' e 'vaca', agredida no rosto com bofetadas e na barriga com um soco, tive o cabelo puxado até ser arrancado. Quando me fui embora, decidida a apresentar queixa, tive medo que ele me matasse. Para minha estupefação, ele começou a chorar como uma criança e a pedir perdão. Por causa disso, entendi que era uma patologia e não consegui apresentar queixa, mas desapareci da vida dele e nunca mais nos vimos", relatou.
A denúncia foi amplamente partilhada nas redes sociais, com muitos internautas a mostrarem-se ao lado de Joana.
No decorrer da denúncia, o Festival Internacional de Cinema IndieLisboa, que decorre de 1 a 11 de maio na capital portuguesa, anunciou a retirada da programação dos filmes do português Ico Costa.
Entretanto, à agência Lusa, o cineasta já negou as acusações. "É uma denúncia falsa, feita por parte de uma pessoa que nunca conheci. Essa pessoa não existe. [...] Sou contra qualquer tipo de cancelamento e as vítimas têm que existir e neste momento não existem", declarou.
Questionado sobre a retirada dos filmes do IndieLisboa, Ico Costa disse que "é só mais um festival", porque 'Balane 3' já teve estreia noutros festivais.
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