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Há cada vez mais casas ilegais na Área Metropolitana de Lisboa. Uma das zonas onde o crescimento é mais visível é em Santa Iria da Azóia, Loures. Os moradores, que ocuparam um terreno privado há cerca de dois anos, acusam a Câmara de soluções insuficientes. No concelho de Almada, há também habitações semelhantes: barracas com poucas ou nenhumas condições.
Quem vive ilegalmente no terreno diz que não teve alternativa. As rendas estão altas e não têm como as pagar. Por isso, ocuparam o espaço, que é privado, há cerca de dois anos. Uns habitaram casas devolutas, outros construíram 'barracas'. Dizem que é a única forma de terem um 'teto'.
Desde dezembro que a Câmara de Loures avisa que vai avançar para demolições, prazo que foi estendido até 28 de fevereiro. São cerca de 100 as pessoas que têm de abandonar o espaço até ao final do mês. Muitos têm empregos, mas os salários não chegam para pagar rendas e outras despesas.
Acusam a Câmara de Loures de não apresentar soluções eficazes.
"Apresenta folhas A4 com anúncios de Idealista, OLX, CustoJusto. As pessoas ligam porque querem realmente resolver a situação e muitos números não chama, outros números dão desligado e há um ou outro que atendeu mas que derivado ao sotaque as pessoas negam-se a ocupar as casas", relata Wilson, responsável do Movimento Vida Justa, em entrevista à SIC Notícias.
A situação é semelhante no bairro da Penajóia, em Almada, onde vivem cerca de 1.000 pessoas. Nos últimos meses, o número de habitações ilegais com poucas ou nenhumas condições - sem água canalizada nem eletricidade - tem vindo a crescer.
Houve já algumas demolições, no terreno que é do Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU). No local, há tijolos e chapas que serviam de telhado espalhadas pelo chão. As casas - onde outrora viveram famílias com crianças - estão reduzidas a escombros.
Uma das pessoas que vive no local conta que construiu uma habitação há quatro anos. Vive num espaço sem água nem luz, condições que agora exige à Câmara.
"A pessoa trabalha, faz descontos, mas não consegue garantir um prato de alimentação", acrescenta.
Há quatro meses, a SIC revelou o caso de 11 imigrantes que viviam numa 'barraca' no Montijo, também na Área Metropolitana de Lisboa, sem condições mínimas. O terreno tinha sido ocupado ilegalmente por um português, que alugou o espaço a uma agência que contrata imigrantes para trabalharem na agricultura.