
O departamento de eficiência governamental (DOGE, no acrónimo em inglês) dos EUA, concebido por Elon Musk, escolheu um novo alvo para dar nova tesourada nos custos do estado federal norte-americano. Segundo o Financial Times, a escolhida é a National Gallery, museu de Washington DC com um espólio de mais de 150 mil obras, que abriu as suas portas em 1941 com uma significativa coleção doada por milionários filantropos norte-americanos.
O museu, graças a transferências de centenas de milhões de dólares por ano do erário público (no ano passado, recebeu 210 milhões de dólares, cerca de 184 milhões de euros ao câmbio atual) mantém-se aberto todo o ano com entrada gratuita.
Foi esta instituição que recebeu a visita de elementos do DOGE na quinta-feira passada, avançam fontes ao Financial Times, que aí se dirigiram para reunir com a direção do museu. Não se sabe do que falaram, e quais os objetivos da equipa de Elon Musk para a National Gallery mas, com base no histórico recente da DOGE na reestruturação de organismos do Estado, o tema poderá muito bem ser garantir mais poupanças para os contribuintes norte-americanos.
As instituições culturais têm sido, de resto, alvos frequentes da administração de Donald Trump, lembra o jornal, obrigadas ao cumprimento de diversos decretos com vista ao fim do que classificam de “ideologia woke”, obrigadas a apagar das suas comunicações todos os vestígios de políticas de promoção de igualdade e anti-discriminação.
Trump decapitou recentemente a administração do Kennedy Center, o principal centro de artes e espetáculos em Washington, e nomeou-se presidente do espaço para imprimir uma nova orientação mais em linha com a sua ideia de América (e sem espectáculos 'drag').
Na sequência desta visita da equipa de Elon Musk, a National Gallery disse, em comunicado citado pelo Financial Times, que “como uma parceria público-privada, trabalhámos com todas as administrações desde a nossa fundação” - que se deu formalmente em 1937, motivada pelo milionário Andrew Mellon e ratificada nesse ano pelo Congresso norte-americano.
“E iremos continuar a trabalhar com a Administração e com o Congresso ao mesmo tempo que nos mantemos focados no cumprimento da nossa missão para preservar e partilhar a excelência artística com todos os americanos”, acrescenta a instituição.