Os resultados de vários bancos americanos foram conhecidos esta semana e os seus lucros continuam maioritariamente a crescer face a 2024, apesar do clima de instabilidade causado tanto pela guerra comercial iniciada por Donald Trump e a sua política de tarifas como pelos conflitos geopolíticos a decorrer. A banca de investimento permanece forte – mas menos – neste período de incerteza, com as receitas neste campo a crescerem em vários bancos.

O JPMorgan destoa, com o seu lucro a cair face a 2024 neste segundo trimestre. O maior banco dos EUA reportou um resultado líquido de 12,82 mil milhões de euros entre abril e junho, o que está 17% abaixo do trimestre homólogo. Ainda assim, a instituição cresceu 2% em cadeia.

Do lado oposto estão o Goldman Sachs, cujo lucro caiu 21% entre o primeiro e o segundo trimestre, para 3,19 mil milhões, mas disparou 22% face ao mesmo período de 2024, e o Morgan Stanley, com uma queda de 18% em cadeia, mas um crescimento de 15% anuais, totalizando 2,91 mil milhões. Também o Bank of America teve uma descida entre o primeiro e o segundo trimestre, mas apenas de 4%. Comparando com os mesmos três meses de 2024, este valor aumentou 3% para 6,09 mil milhões.

O Wells Fargo destaca-se pela subida do lucro, tanto no trimestre como anualmente, de 12%, ascendendo a 4,7 mil milhões.

Sem padrão, mas com resultados positivos

As receitas da banca de investimento continuam a mostrar força, ainda que de forma mais inconsistente com o primeiro trimestre do ano. Aqui, o Wells Fargo apresentou um misto de perdas e crescimento, com as comissões na área da banca de investimento a crescerem 9% face ao período homólogo, mas os ganhos de ‘trading’ a cair 12% face a 2024.

Ambas estas rubricas perderam receita entre os dois primeiros trimestres, com as comissões a baixar mais de 10% e o ‘trading’ 8%. Também o Morgan Stanley derrapou aqui, com as receitas da banca de investimento a caírem 5%, totalizando 1,32 mil milhões. O banco justificou que entrou menos dinheiro na área de ‘advisory’, fruto de menos resultados em M&A. Por outro lado, a instituição viu a receita de ‘equity’ disparar 23%.

Já o Bank of America reportou um aumento superior a 10% nas receitas de ‘global markets’, ao mesmo tempo que as comissões de banca de investimento tiveram uma queda de 9% anualmente. Por sua vez, o JPMorgan registou uma quebra trimestral de 6% nas receitas de ‘markets’, mas uma subida de 15% em termos anuais. Os rendimentos de banca de investimento aumentaram 9% e as comissões subiram 7%.

O Goldman Sachs alcançou um crescimento homólogo de 14%, nas receitas de comissões, apesar do ligeiro decréscimo de 2% entre trimestres. Os ganhos com a banca de investimento tiveram crescimento positivo, tanto em cadeia como anualmente, de 15% e 27%, respetivamente.

No que diz respeito à margem financeira, esta subiu ou manteve-se estável na maioria das instituições referidas, com destaque para o Goldman Sachs, que viu um disparo de 56% face ao segundo trimestre de 2024. O aumento em cadeia foi de 7%. O JPMorgan manteve a margem estável, com um aumento anual de 2,2% e uma quebra ligeira de 0,87% em relação aos três meses anteriores.

Também o Wells Fargo teve flutuações baixas, com um crescimento de 2% em cadeia e uma descida na mesma ordem em termos homólogos. O Morgan Stanley teve uma margem igual à do primeiro trimestre do ano e 14% superior à do mesmo período de 2024. O Bank of America conseguiu um aumento de 2% e 7%, em cadeia e face ao ano anterior, respetivamente.

Deterioração do rácio de capital

Todos estes bancos registaram quebras dos seus rácios CET1 no segundo trimestre. A maior descida anual deu-se no Bank of America, de 0,4 pontos percentuais (pp), para 11,5%. Em cadeia, o banco teve menos 0,3 pp. No JPMorgan, o rácio CET1 foi de 15%, menos 0,4 pp face ao trimestre anterior e 0,3 pp abaixo do mesmo período de 2024. No Goldman Sachs, este indicador caiu 0,3 pp entre abril e junho.

De forma menos acentuada, o Morgan Stanley viu o seu rácio CET1 fixar-se em 15%, abaixo dos 15,3% do trimestre anterior e dos 15,2% registados um ano antes. Por fim, o Wells Fargo teve a menor descida, de 0,1 pp em termos anuais, fixando-se em 11%.

A rendibilidade dos bancos desceu ou estabilizou, de forma geral, à exceção do Wells Fargo, que registou um ROE de 12,8%, acima dos 11,5% dos trimestres anterior e homólogo. O Morgan Stanley teve uma queda de 3,5 pp em cadeia, deixando o ROE em 13,9%. Por outro lado, este valor está 0,9 pp acima do período homólogo.

No Bank of America houve uma quebra de 0,4 pp, para 10%, entre os dois trimestres de 2025. Face a 2024, o valor manteve-se igual. No JPMorgan, a queda foi mais acentuada, de 5 pp face ao ano anterior. Ainda assim, este banco regista a maior rendibilidade, de 18%, no segundo trimestre, igual aos três meses passados. O Goldman Sachcs segue esta tendência, com o ROE de 12,8% no segundo trimestre, o que equivale a uma perda de 4,1 pp em cadeia e 1,9 pp em termos homólogos.