O Banca Popolare di Sondrio (BP Sondrio) anunciou nesta quarta-feira que pretende aumentar os dividendos dos investidores para o dobro até 2027, com o intuito de prevenir a sua aquisição pelo rival BPER Banca. No período entre 2022 e 2024, o banco distribuiu 744 milhões de euros em dividendos e para o intervalo entre 2025 e 2027 tenciona alcançar 1,5 mil milhões, segundo o plano divulgado pela empresa.

Este objetivo nos dividendos implica uma distribuição prevista de 85% dos lucros no período que vai até 2027, o que compara com os 63% de 2024, como indica o banco. A instituição aponta também para um lucro de 583 milhões em 2027, a par do recorde atingido em 2024.

A Agência Reuters avança que o BP Sondrio contratou o Bank of America e o Morgan Stanley para o aconselhar na defesa contra a tentativa de aquisição por parte do BPER. O banco opôs-se desde o início a esta fusão.

A Reuters relembra ainda que o BP Sondrio tem “fortes raízes locais” que tenta preservar ao máximo. Exemplo disso foi a contestação legal a uma reforma de um governo italiano que queria acabar com uma proteção que permitia aos bancos mutualistas não serem alvo de aquisições. O BP Sondrio foi o último grande banco “popolare” a cumprir esta reforma, segundo informa a Reuters.

O CEO do BP Sondrio, Mario Pedranzini, reforça que o novo plano estratégico está em linha com a história da instituição, sublinhando que é um “banco independente” há 150 anos.

O BPER lançou, em fevereiro, uma oferta de aquisição sobre o BP Sondrio, no valor de 4,3 mil milhões de euros, juntando-se ao enredo de tentativas de aquisições que têm surgido no mercado financeiro italiano. Neste caso, destaca-se o pormenor de ambos os bancos terem o maior acionista em comum: a Unipol, a segunda maior seguradora no país, que detém 20% de ambas as entidades bancárias.

O ‘chairman’ da Unipol, Carlo Cimbri, já descartou no passado uma fusão dos bancos por considerar que têm “culturas muito diferentes”. No entanto, o CEO, Matteo Laterza, veio defender essa mesma junção das empresas, apesar de não querer ser detentor de mais de 20% da entidade resultante.

O BPER alegou que esta operação surge como manobra defensiva no contexto de consolidação atual. Isto é, a tentativa de aquisição do BP Sondrio é uma forma de prevenir a sua própria aquisição por outro rival maior.