As crianças que nascem numa família mais desfavorecida têm três vezes mais probabilidade de vir a ter dificuldades económicas no futuro, de acordo com um estudo que integra um novo livro que será apresentado esta quarta-feira.
O livro "Estudos sobre a Pobreza e a Exclusão em Portugal: homenagem a Alfredo Bruto da Costa", que será apresentado esta quarta-feira em Lisboa, revela que 27% das pessoas que viveram até aos 14 anos numa família com dificuldades económicas vivem em situação de pobreza e exclusão social na vida adulta.
Esta percentagem cai para 9,7% quando os adultos não tiveram infâncias marcadas pela falta de recursos económicos.
Além do rendimento, foram também analisados casos em que as pessoas não conseguem pagar uma despesa inesperada, têm em atraso contas fixas ou vivem numa casa sobrelotada.
Sempre que uma pessoa cumpre, pelo menos, cinco dos 21 indicadores tidos em consideração considera-se que vive numa situação de pobreza.
Desigualdade de distribuição de rendimentos
O sociólogo Fernando Diogo, professor na Universidade dos Açores e um dos coordenadores do livro, destaca que a taxa de risco de pobreza, que é calculada com base numa fórmula da União Europeia, não corresponde à situação concreta dos portugueses em situação de pobreza.
"Há uma faixa de pessoas que estão acima do limiar da taxa oficial de pobreza", sublinha.
Lembra ainda que em Portugal há um nível "muito alto" de desigualdade de distribuição de rendimentos quando comparado com países da União Europeia e OCDE.
Para o especialista o reforço de salários e pensões é uma das várias medidas que precisam de ser implementadas para reverter o problema.
Marcelo estará na apresentação
A obra, organizada por Fernando Diogo, Pedro Perista e Paula Campos Pinto, será apresentada esta quarta-feira, pelas 18:30, no Instituto Superior de Ciências Políticas, em Lisboa.
Marcelo Rebelo de Sousa marcará presença na apresentação do livro que reúne conclusões de investigações sobre a pobreza e a exclusão social em Portugal.